
O coração de Minas Gerais sangra mais uma vez. E não é metáfora. A professora Ana Lúcia (nome fictício para preservar a família) foi brutalmente assassinada pelo ex-companheiro na frente dos filhos. A cena? Dantesca. O motivo? Ela ousou existir sendo mulher.
A amiga da vítima, que pediu para não ser identificada — "por medo de ser a próxima" —, desabafou em lágrimas: "Ela morreu por ter nascido mulher. Ponto." Simples assim. E devastador.
O crime que chocou a cidade
Era uma terça-feira comum. Ou deveria ser. Ana deixou as crianças na escola, como sempre fazia. O ex, que vinha a perseguindo há meses, apareceu como um furacão de ódio. Facadas. Muitas. Na rua. À luz do dia.
"Ele dizia que se não fosse dele, não seria de ninguém", contou uma vizinha, ainda tremendo. Clássico. E nojento.
O sistema falhou. De novo.
Aqui vai o que mais corta a alma: Ana tinha medida protetiva. Tinha. No papel. "Ela me mostrava as mensagens dele, cheias de ameaças, e eu dizia: 'Denuncia!'. Ela denunciava. E nada acontecia", desabafa a amiga.
O agressor já tinha passagem por violência doméstica. Já. Mas estava solto. Até matar.
Os números? São frios. Mas doem:
- 1 mulher assassinada a cada 7 horas no Brasil
- 76% dos feminicídios cometidos por parceiros ou ex
- Medidas protetivas violadas em 60% dos casos
O luto que vira luta
No velório, as colegas de trabalho não falavam em "acidente" ou "crime passional". Falavam em assassinato. Em machismo. Em justiça — que nunca chega a tempo.
"A gente se forma em pedagogia pra ensinar letras, não pra virar estatística", disparou uma professora, com os olhos vermelhos de tanto chorar.
Enquanto isso, na delegacia, o assassino — agora preso — dizia "não se lembrar" do que fez. Conveniente, não?
O caso aconteceu em Betim, região metropolitana de Belo Horizonte. Mais um nome na lista macabra de mulheres que "ousaram" terminar um relacionamento.
Restam as perguntas sem resposta: Quantas Anas precisam morrer? Até quando o Estado vai falhar? Quando o "nunca mais" vai virar realidade?