
O ar em Mococa parecia mais pesado nesta quinta-feira. Não era só o frio do inverno paulista — era o peso de uma despedida que ninguém ali queria fazer. Nicolly Fernanda, aquela menina de sorriso que iluminava os corredores da escola, estava sendo velada no centro da cidade.
Quem passava pelo local não conseguia disfarçar a comoção. Alguns choravam abertamente, outros tentavam manter a compostura, mas os olhos vermelhos denunciavam. "Ela era a alegria da turma", contou uma amiga, segurando um ursinho de pelúcia — último presente que nunca chegou a entregar.
Flores, cartas e memórias
A cena era de partir o coração: dezenas de jovens vestindo camisetas brancas com fotos de Nicolly. Nas mãos, não celulares como de costume, mas cartas, flores e velas. "Você vai brilhar pra sempre", lia-se em um dos painéis montados pelos amigos.
- Mais de 200 pessoas compareceram ao velório
- Alunos da escola fizeram uma corrente de oração
- Professores lembravam da dedicação nos estudos
E no meio de tanta dor, uma pergunta que não calava: por quê? A família, visivelmente abalada, pedia justiça — palavra repetida como um mantra por todos presentes. "Não vamos descansar até que a verdade apareça", prometeu um tio, com a voz embargada.
Uma cidade transformada
Mococa, aquela pacata cidade do interior conhecida pelo café, agora virava palco de um drama que parecia tirado de filme. Nas redes sociais, a hashtag #JustiçaPorNicolly viralizou. Nos bares, o assunto dominava as conversas — alguns falavam em medo, outros em revolta.
"Nunca imaginei que algo assim aconteceria aqui", comentava Dona Maria, dona de uma padaria próxima. Ela lembrava de ver Nicolly passando toda manhã, sempre pontual, sempre educada. "A gente conhece essas crianças desde pequenas, sabe?"
Enquanto isso, as autoridades prometiam agilidade nas investigações. Mas para os que estavam naquela capela lotada, promessas não bastavam. O que queriam era respostas — e justiça para aquela menina que tinha tantos planos, tantos sonhos pela frente.