MPF Ataca 'Lei Faroeste': Autorização para Atirar é Ilegal e Perigosa, Diz Ministério Público
MPF ataca 'lei faroeste' no RJ; gratificação é inconstitucional

O cenário parece saído de um filme de bang-bang, mas a trama é bem real – e assustadora. O Ministério Público Federal (MPF) resolveu entrar em cena para contestar aquela que talvez seja uma das medidas de segurança mais controversas dos últimos tempos no Rio. A tal 'gratificação faroeste', que basicamente soa como um 'salve-se quem puder' institucionalizado, foi alvo de uma ação judicial pesada.

O MPF não usou meias-palavras. Na visão deles, a coisa toda é simplesmente inconstitucional. Não se trata apenas de uma questão burocrática, mas de um princípio básico: o Estado não pode, em sã consciência, criar regras que incentivem o uso da força letal como se fosse uma solução mágica. A autorização para matar, alertam, está longe de ser uma fórmula para a paz.

Um convite ao caos?

Pare um minuto para pensar. O que significa, na prática, uma política dessas? O MPF joga uma luz crua sobre o assunto: em vez de promover a tão sonhada segurança pública, a medida pode jogar gasolina na fogueira da violência. A ideia de recompensar ações letais, ainda que em supostas situações específicas, cria um terreno perigosíssimo. É como abrir a porteira para o imprevisível.

E o pior, segundo a ação, é que a tal gratificação ignora solenemente os protocolos internacionais de direitos humanos que o Brasil se comprometeu a seguir. Não é algo trivial. É uma violação grave, um passo atrás colossal na proteção da vida. O recado do MPF é duro: políticas de segurança não podem ser construídas sobre a lógica do velho oeste.

O pulo do gato jurídico

O cerne da questão, na visão dos procuradores, é a absoluta falta de base legal para uma coisa dessas. Não é só uma má ideia; é ilegal. A Constituição Federal não abre espaço para esse tipo de experimento. A função do Estado é proteger a vida, ponto final. Qualquer medida que coloque isso em xeque, especialmente de forma tão explícita, está fadada ao fracasso – e à rejeição pelo Judiciário.

O caso agora segue para as mãos da Justiça Federal, que terá a última palavra sobre esse capítulo polêmico. Enquanto isso, o debate sobre que tipo de segurança a população realmente precisa – e merece – esquenta nas ruas e nas redes. Uma coisa é certa: a discussão sobre até onde o Estado pode ir no combate à criminalidade acaba de ganhar um novo e explosivo capítulo.