
Imagine o desespero que leva alguém a encenar a própria morte como única saída. Foi exatamente isso que aconteceu numa sexta-feira comum, por volta das 19h, num bairro residencial de Campo Grande. Uma jovem de 23 anos – vamos chamá-la de Ana, para preservar sua identidade – viveu minutos que pareceram eternos diante do companheiro que transformou amor em ódio.
O que começou como mais uma discussão conjugal rapidamente escalou para algo digno de filme de terror. Ele, um homem de 24 anos cujo nome não vou citar aqui – mas que a Justiça certamente não esquecerá –, perdeu completamente a razão. E ela, encurralada e aterrorizada, teve uma sacada genial: se fazer de morta.
O Momento Decisivo
Quando a violência física começou, Ana percebeu que argumentar seria inútil. O parceiro, cego de raiva, já não ouvia mais nada. Foi então que veio a ideia desesperada: parou de reagir, deixou o corpo inerte, prendeu a respiração. Uma performance macabra, mas necessária.
Funcionou. Achando que havia ido longe demais, o agressor saiu do local. Mal sabia ele que a vítima havia sobrevivido através daquela estratégia angustiante. Assim que se sentiu segura, Ana correu para pedir ajuda – ainda tremendo, mas viva.
As Consequências Imediatas
O socorro chegou rápido, graças aos bombeiros que atenderam a ocorrência no Residencial Vida Nova. No Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, os médicos constataram o óbvio: hematomas pelo corpo, marcas da agressão. Mas também confirmaram algo extraordinário – a inteligência emocional de Ana sob pressão extrema.
Enquanto isso, a Polícia Militar dava início à caçada. O suspeito, é claro, não esperou ser encontrado e fugiu. Mas essas fugas raramente duram muito tempo, especialmente quando se trata de um crime tão grave.
Um Retrato Preocupante
O caso vai além do incidente isolado. Revela como a violência doméstica continua sendo uma epidemia silenciosa – e como as vítimas precisam recorrer a medidas extremas para sobreviver. O que me faz pensar: quantas 'Anas' existem por aí, sem ter a mesma sorte?
A delegacia especializada no atendimento à mulher já assumiu as investigações. O feminicídio tentado é crime hediondo no Brasil, com penas severas. E este caso em particular – pela frieza do agressor e pela astúcia da vítima – dificilmente passará em branco.
Enquanto escrevo estas linhas, imagino o alívio misturado com trauma que Ana deve sentir. Sobreviveu, sim. Mas a cicatrização – tanto física quanto psicológica – levará tempo. E a Justiça? Bem, essa precisa ser rápida e exemplar.