
Era pra ser mais uma fiscalização de rotina na BR-153, no Tocantins. Mas o que os agentes da PRF encontraram na tarde de segunda-feira (21) deixou até os mais experientes de queixo caído. Num carro aparentemente comum, quase 400 canários-da-terra — sim, você leu certo — amontoados em gaiolas minúsculas e até dentro de sacolas plásticas.
"Parecia cena de filme", contou um dos policiais, que preferiu não se identificar. "O cheiro era insuportável, e os pobres bichinhos quase não conseguiam respirar."
Transporte cruel e ilegal
Os pássaros — todos da espécie Sicalis flaveola, protegida por lei — estavam sendo levados para algum ponto de venda ilegal. Pelo menos 20 já estavam mortos quando a equipe fez a abordagem.
Detalhes que revoltam:
- Gaiolas superlotadas, com até 15 aves em espaço para no máximo 3
- Sem água ou comida durante todo o transporte
- Alguns canários tinham asas quebradas de tanto se debaterem
O motorista — um homem de 45 anos com passagem por crimes ambientais — tentou argumentar que "só estava fazendo um favor pra um amigo". Típico, não?
O que dizem os especialistas
"Isso é uma crueldade sem tamanho", dispara a bióloga Mariana Alves, do Ibama. "Cada um desses pássaros vale mais vivo na natureza do que em gaiola." Ela explica que o comércio ilegal é a segunda maior ameaça à espécie, atrás apenas do desmatamento.
E tem mais: segundo dados do próprio órgão, o Tocantins virou rota preferencial dos traficantes por conta da fiscalização mais frouxa nas divisas. Uma vergonha!
E agora?
As aves sobreviventes foram encaminhadas para um centro de reabilitação em Palmas. Lá, passarão por avaliação antes de — quem sabe — serem devolvidas à natureza.
Já o "motorista" pode pegar até 1 ano de cadeia por maus-tratos, além de multa que pode chegar a R$ 5 mil por animal. Barato demais, se você me pergunta.
Enquanto isso, a PRF promete intensificar as blitz na região. "É preciso cortar esse mal pela raiz", avisa o superintendente regional. Só nos resta torcer para que dessa vez a promessa saia do papel.