
Era pra ser mais um dia normal no asfalto quente de Sorocaba. Mas o que aconteceu na Avenida São Paulo na noite de domingo, primeiro de setembro, vai deixar uma marca permanente na memória de quem testemunhou a cena — daquelas que a gente torce para esquecer, mas não consegue.
Por volta das 23h, tudo aconteceu num piscar de olhos. Um motociclista, cuja identidade ainda não foi divulgada — talvez um pai de família voltando para casa, um trabalhador cansado, quem sabe — resolveu arriscar. Invadiu a contramão. E o pior aconteceu.
De repente, o choque. Uma colisão frontal, violenta, brutal, com um ônibus que trafegava no sentido correto. A batida foi tão forte que a moto ficou completamente destruída. Pedaços de metal espalhados pelo asfalto, uma cena de caos instantâneo.
O Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) correu para o local. Os socorristas fizeram de tudo, tentaram reanimar o homem. Mas não adiantou. Os ferimentos eram gravíssimos, incompatíveis com a vida. Ele morreu ali mesmo, no asfalto da avenida, sob a luz artificial dos postes e o olhar horrorizado de quem passava.
O que levou a essa decisão fatal?
A Polícia Militar rodoviária agora tenta reconstituir os momentos finais que antecederam a tragédia. Por que ele invadiu a contramão? Distração? Um mal-estar súbito? Excesso de confiança? Ou uma manobra desesperada para evitar algo? São perguntas que, no fim das contas, podem nunca ter uma resposta satisfatória.
O trânsito na região ficou completamente paralisado por longos minutos — uma hora daquelas em que o tempo parece esticar, cada segundo pesando como chumbo. Equipes do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e da Concessionária SPVias trabalharam no local para liberar a pista e fazer a limpeza do que sobrou.
O ônibus, pertencente à empresa Suzantur, teve que ser removido. O motorista, abalado — imagina só o susto, o trauma de ter uma vida perdida assim, na sua frente —, foi levado para prestar esclarecimentos. Felizmente, ninguém a bordo do coletivo se feriu. Mas certamente ninguém saiu ileso emocionalmente de uma experiência dessas.
Um alerta que nunca é demais
Acidentes como esse servem de lição amarga, mas necessária. Invadir a contramão não é uma simples infração de trânsito; é uma roleta-russa sobre duas rodas. Uma decisão de um segundo pode custar uma vida inteira — e destruir outras várias que dependem dela.
A investigação segue em andamento. O corpo foi encaminhão para o IML (Instituto Médico Legal) de Sorocaba, onde deve ser feita a necropsia e, finalmente, a identificação oficial. Só então a família será localizada para receber a notícia que ninguém quer ouvir.
Enquanto isso, a Avenida São Paulo voltou a fluir. Carros passam no mesmo local como se nada tivesse acontecido. Mas a lembrança fica. E o alerta também: no trânsito, a escolha é sempre entre chegar ou não chegar. Não há meio termo.