
O coração de Sergipe parece bater mais devagar hoje. Num daqules dias em que o céu azul contrasta cruelmente com a dor que se abate sobre uma comunidade inteira. Familiares e amigos reuniram-se, ombro a ombro, para a despedida mais difícil: dizer adeus a uma avó e seus dois netos, vítimas fatais de um acidente que chocou o estado.
O silêncio na funerária era pesado, cortado apenas por soluços contidos. Flores brancas – tantas flores – tentavam trazer um pouco de paz à cena de desolação. Mas como encontrar conforto quando se perde de uma vez só três pedaços do próprio coração?
A colisão, um daqules eventos rápidos e brutais que mudam tudo em segundos, aconteceu na rodovia SE-230, trecho que já viu muita coisa mas nada tão trágico quanto isso. Os detalhes ainda são um pouco confusos, sabe como é? A poeira ainda não baixou completamente. Mas testemunhas contam que foi violento, daqueles que deixam marcas permanentes na memória de quem vê.
A família – ah, a família – agora precisa encontrar forças onde parece não haver mais nenhuma. Recomeçar parece palavra de outro dicionário, não deste onde a dor é a única definição possível. Vizinhos e amigos se alternam entre o papel de consoladores e o de também precisar de consolo, numa rede solidária que é o único alento possível nestas horas.
Um Adeus que Ecoa no Silêncio
O velório foi essa coisa contraditória: cheio de gente e ao mesmo tempo vazio demais. As conversas eram em sussurros, como se falar alto fosse profanar a dor alheia. E no centro de tudo, três caixões que contavam uma história interrompida brutalmente.
Não é justo. A palavra ecoa na mente de todos presentes. Não é justo uma avó, com toda sua história e sabedoria, partir assim. Não é justo crianças, com toda vida pela frente, terem seu futuro cancelado em um instante. A vida às vezes prega peças cruéis demais.
O que resta agora? Além da saudade que vai doer para sempre, além das fotografias que vão ganhar status de relíquia, além das lembranças que vão surgir nos momentos mais inesperados? Resta a comunidade unida, o apoio silencioso, o «estou aqui» que não precisa ser dito com palavras.
E resta, claro, a esperança – tênue, frágil, mas presente – de que talvez, num lugar qualquer, eles estejam juntos outra vez, livres da violência das estradas e do peso da despedida.