Estudantes da UFPA mortos em acidente são homenageados em congresso da UNE — veja como foi a emocionante cerimônia
UFPA homenageia estudantes mortos em acidente no congresso da UNE

O auditório ficou em silêncio quando os nomes foram anunciados. Um a um, como se cada sílaba carregasse o peso da ausência. Três estudantes da Universidade Federal do Pará (UFPA), mortos em um acidente de trânsito no mês passado, viraram o centro de uma homenagem que ninguém gostaria de fazer — mas que precisava ser feita.

Durante o 58º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), realizado em São Paulo, colegas subiram ao palco com fotos embaçadas de tanto serem tocadas. "Eles não eram números. Eram o Pedro que sempre emprestava caderno, a Luana que organizava as festas da turma, o Marcos que fazia piada até de madrugada nos grupos de estudo", contou Jéssica Almeida, 22, com a voz falhando.

O acidente que chocou o campus

Foi numa curva mal sinalizada da PA-150, por volta das 23h de uma terça-feira, que o carro em que estavam saiu da pista. Os bombeiros levaram 40 minutos para chegar — tempo suficiente para que tudo ficasse irreversível. Dois morreram no local; o terceiro não resistiu ao chegar no hospital.

"A gente fica se perguntando 'e se'... E se tivessem saído 10 minutos mais cedo? E se a estrada tivesse iluminação?", questionou o professor orientador deles, visivelmente abalado, durante seu discurso improvisado.

Legado que permanece

Entre lágrimas, descobrimos detalhes que nenhum obituário conta:

  • Pedro, 21 anos, deixou um projeto de extensão com comunidades ribeirinhas que será continuado pelos colegas
  • Luana, 19, tinha acabado de ser aprovada em um mestrado na França
  • Marcos, 23, organizava um cursinho popular que atendeu 120 alunos só no último semestre

A plateia — mais de 2 mil estudantes de todos os cantos do Brasil — fez um minuto de silêncio. Depois, quase que por instinto, começaram a cantar o hino "O Povo Unido", tradicional nos movimentos estudantis. "Eles representam tantos outros jovens que perdemos nas estradas desse país", lamentou a presidenta da UNE, segurando um banner com os rostos sorridentes dos três.

Enquanto isso, nas redes sociais, a hashtag #UFPAemMemoria viralizou. Colegas postavam vídeos antigos das festas da faculdade, prints de conversas aleatórias, até mesmo áudios esquecidos no WhatsApp. "A morte apaga a pessoa, mas não o que ela construiu", escreveu alguém nos comentários — frase que, de tão repetida, virou quase um epitáfio digital.