
A China está intensificando seus esforços para controlar um dos processos mais sagrados do budismo tibetano: a escolha do próximo Dalai Lama. O governo chinês, que já exerce forte influência sobre o Tibete, agora quer decidir quem será a reencarnação do líder espiritual, desafiando séculos de tradição.
O que diz a tradição tibetana?
Segundo os preceitos budistas, o Dalai Lama é uma figura que se reencarna para continuar seu trabalho espiritual. A identificação do novo líder é feita por meio de sinais e revelações, seguindo um ritual ancestral conduzido por lamas tibetanos.
A posição da China
O Partido Comunista Chinês, que não reconhece a autoridade religiosa do Dalai Lama, insiste que qualquer reencarnação deve ser aprovada por Pequim. Em 2007, a China chegou a aprovar uma lei exigindo controle governamental sobre a reencarnação de lamas tibetanos.
Por que isso importa?
O conflito vai além da religião:
- Controle político: A China vê o Tibete como parte inseparável de seu território e teme a influência do Dalai Lama.
- Autonomia cultural: Tibetanos consideram a interferência chinesa uma violação de suas tradições.
- Tensões internacionais: Muitos países veem o atual Dalai Lama como um símbolo de resistência pacífica.
O que diz o Dalai Lama atual?
O 14º Dalai Lama, Tenzin Gyatso, já sugeriu que sua reencarnação poderia ocorrer fora do Tibete, talvez na Índia, onde ele vive no exílio desde 1959. Essa possibilidade irrita Pequim, que insiste que o processo deve ocorrer dentro da China.
O futuro do Tibete
Especialistas alertam que a disputa pela sucessão do Dalai Lama pode:
- Aumentar a repressão chinesa no Tibete
- Dividir a comunidade budista internacional
- Criar um cisma religioso com dois Dalai Lamas - um reconhecido pela China e outro pelos tibetanos no exílio
Enquanto isso, o mundo observa atentamente esse delicado embate entre tradição espiritual e controle político.