
Não é todo dia que uma decisão do governo pega todo mundo de surpresa, mas essa foi de cair o queixo. O Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), o principal pronto-socorro de Belém, simplesmente vai fechar as portas. E olha que a gente tá falando de um lugar que atende, em média, 30 mil pessoas por mês. Dá pra acreditar?
Profissionais da saúde — médicos, enfermeiros, técnicos — tão com os nervos à flor da pele. E não é pra menos. "É um tiro no pé", diz uma enfermeira que prefere não se identificar (medo de represálias, você sabe como é). "A região metropolitana já sofre com a falta de leitos, e agora isso?"
O que dizem as entidades
O Conselho Regional de Medicina (CRM-PA) soltou uma nota dura, chamando a decisão de "irresponsável". Já o Sindmepa — sindicato dos médicos — foi além: "Vai sobrecarregar ainda mais os outros hospitais, que já tão no limite".
E os números assustam:
- Mais de 80 mil atendimentos só em 2024
- Única unidade de trauma de alta complexidade na região
- Referência em cirurgias de emergência
O governo, claro, diz que tem um "plano". Mas ninguém viu esse tal plano ainda — pelo menos não os profissionais que tão na linha de frente. "Prometeram que os pacientes seriam transferidos pra outras unidades", conta um médico, "só que essas unidades já tão lotadas. Matemática básica: não fecha".
E a população?
Ah, essa é a pior parte. Quem depende do SUS — e são muitos — agora vai ter que se virar nos 30. "Meu filho faz tratamento lá desde o ano passado", desabafa dona Maria, 54 anos. "Cadê a gente vai agora? No chão da rua?"
Enquanto isso, nos corredores do HMUE, o clima é de luto. Equipamentos sendo desligados, prontuários arquivados, e aquela sensação de "será que ninguém se importa?".
Uma coisa é certa: quando a poeira baixar, quem vai sentir na pele são justamente os que menos podem esperar. E aí, será que alguém vai assumir a responsabilidade?