
Uma notícia triste chegou de mansinho e abalou o coração de Narandiba, aquela cidade do interior paulista que ainda acreditava no poder do serviço público. Aos 67 anos, a vice-prefeita Joana Rita Ribas Branco faleceu — e o silêncio que ficou parece mais alto que qualquer discurso.
Não foi uma daquelas mortes anunciadas, cheias de detalhes médicos ou complicações previsíveis. A vida às vezes simplesmente decide nos surpreender, e nem sempre de uma maneira boa. A prefeitura, é claro, emitiu uma nota falando em "profundo pesar" e "grande perda", mas as palavras oficiais nunca conseguem capturar aquele sentimento de vazio que fica nas ruas, nas conversas de bar, no balcão da padaria.
Joana, ou dona Joana como muitos a chamavam, não era daquelas políticas de palanque alto. Ela vinha de uma trajetória construída com calma — primeiro na educação, depois na assistência social. Dizem que ela conhecia metade da cidade pelo nome, e a outra metade pelo rosto. Conseguia lembrar de problemas de infraestrutura de ruas que nem os moradores lembravam mais.
Uma carreira que foi muito além dos cargos
Antes de chegar ao posto de vice na gestão do prefeito José Carlos Felício, ela já havia deixado marcas. Dois mandatos como vereadora, entre 2013 e 2020, e uma passagem sólida pela Secretaria de Assistência Social. Alguém que realmente entendia que política, no fim das contas, é sobre cuidar de gente.
E agora? O que acontece? A Constituição e a Lei Orgânica do Município até explicam o processo de sucessão, mas ninguém realmente quer pensar nisso agora. O prefeito, visivelmente abalado, falou em "respeitar o luto" antes de qualquer decisão. Até porque como substituir uma pessoa que era, de certa forma, irrepetível?
O velório deve ser realizado no Espaço Memorial — um daquéis lugares que tentam trazer algum conforto, mas nunca realmente conseguem. A família, claro, pediu privacidade. Quem já passou por isso sabe que o barulho do mundo do lado de fora parece especialmente insuportável nesses momentos.
Narandiba perdeu mais do que uma vice-prefeita. Perdeu uma de suas memórias vivas, uma daquelas figuras públicas que ainda acreditavam que o trabalho de formiguinha, dia após dia, é o que realmente constrói uma comunidade. O seu legado? Ah, esse fica espalhado por aí, em cada projeto que tocou, em cada pessoa que ajudou.
E a cidade, hoje, está um pouco mais silenciosa.