
Numa daquelas noites que prometem virar caso de estudo para cientista político, a Câmara Municipal de Ribeirão Preto aprovou, nesta quarta-feira (3), o polêmico projeto de reforma administrativa. E olha, não foi nada pacífico.
Do lado de fora do prédio, uma gritaria só. Servidores públicos — aqueles que literalmente mantêm a cidade funcionando — faziam coro contra o que chamam de "medida arbitrária". De dentro, ecoavam votos "a favor" que, convenhamos, pareciam mais suspiros de alívio do que convicção política.
Os Números que Falam (e os que Calam)
A votação terminou 16 a 5. Matematicamente, uma vitória folgada para a base do prefeito. Moralmente? Uma disputa acirrada que deixou marcas. Os cinco vereadores da minoria — que, diga-se, foram corajosos — votaram contra. Três se abstiveram, numa daquelas jogadas políticas que deixam todo mundo confuso.
O projeto agora segue para sanção do prefeito Duarte Nogueira (PSDB). E aqui vai um palpite: ele não vai perder tempo veto.
O Que Realmente Muda?
Ah, a pergunta de um milhão de dólares! A reforma mexe em pontos sensíveis — e olha que sensibilidade não é exatamente o forte da proposta.
- Quadro de cargos: Redução drástica. Fala-se em cortar mais de 300 cargos comissionados
- Regime jurídico: Novo modelo que, na prática, flexibiliza demais as contratações
- Mobilidade: Servidores poderiam ser realocados entre secretarias quase que aleatoriamente
O governo municipal alega economia de R$ 40 milhões por ano. Os servidores? Chamam de "economia fantasiosa" que vem com um custo social altíssimo.
O Teatro Político em Cena Aberta
Durante a sessão — que foi longa, diga-se —, o presidente da Casa, Vladi Lourenço (PSDB), teve que exercer mais paciência que juiz de Várzea. Os ânimos estavam acirrados, com vereadores trocando farpas e argumentos que variavam entre o técnico e o pessoal.
Do lado de fora, a PM fazia aquela contenção padrão. Nada de violência, mas aquela tensão que deixa todo mundo de cabelo em pé. Os servidores carregavam cartazes criativos — alguns até engraçados, se a situação não fosse tão séria.
E no meio disso tudo, a população? Ah, a população fica assistindo de longe, tentando entender como essas mudanças vão afetar o atendimento na saúde, na educação, nos serviços básicos.
E Agora, José?
A reforma foi aprovada, mas a briga está longe de acabar. Tem cheiro de judicialização no ar. Sindicatos já avisaram: vão recorrer a todas as instâncias possíveis.
Ribeirão Preto vive mais um capítulo dessa novela que mistura administração pública, direitos trabalhistas e muito, muito jogo político. Fica a pergunta: no final, quem realmente paga o pato?