
Não é novidade que Donald Trump sempre foi um político que gosta de bater de frente com o sistema. Mas um levantamento recente do The New York Times mostrou que essa postura foi levada a um nível impressionante durante seu mandato. Segundo o jornal, o ex-presidente e seus aliados contestaram nada menos que uma em cada três decisões judiciais desfavoráveis ao governo.
Parece brincadeira, mas não é. O estudo analisou centenas de casos e descobriu um padrão claro: sempre que a Justiça impunha limites ou derrubava políticas da administração Trump, a resposta era quase automática — recursos, apelações e mais recursos. E olha que não eram decisõezinhas qualqueras, não. Falamos de temas pesados, como imigração, meio ambiente e até a famosa (ou infame) construção do muro na fronteira com o México.
Os números que falam por si
Dá pra acreditar? Dos 1.200 casos analisados, em 400 deles o governo simplesmente ignorou ou contestou a decisão inicial. Isso representa 33% — um terço do total! E tem mais: em vários desses processos, os juízes chegaram a acusar a administração de "desrespeito ao Estado de Direito". Forte, né?
Não à toa, especialistas ouvidos pelo jornal classificaram essa estratégia como "sem precedentes". "É como se o governo tivesse criado seu próprio manual de como ignorar o Judiciário", comentou um professor de Direito Constitucional, que preferiu não se identificar. Outros foram mais diretos: chamaram de "tática de obstrução" pura e simples.
Os casos mais polêmicos
- "Fique no México": política de asilo que obrigava migrantes a esperar no México — derrubada 3 vezes, contestada 3 vezes
- Corte de verbas ambientais: 5 decisões contra, 4 recursos do governo
- Punições a cidades santuário: 7 derrotas judiciais, 6 tentativas de reverter
O que mais chama atenção é a persistência. Mesmo quando as chances de sucesso eram mínimas, a equipe de Trump insistia em recorrer. Será teimosia? Estratégia política? Ou pura e simples convicção de que estavam certos? Difícil dizer, mas uma coisa é certa: deixaram sua marca no sistema judicial americano.
Ah, e detalhe: essa tática não se limitava ao governo federal. Aliados de Trump em estados republicanos adotaram postura similar, criando um verdadeiro efeito dominó de litígios. Resultado? Um Judiciário sobrecarregado e, em muitos casos, decisões importantes atrasadas por meses — ou até anos.
No final das contas, o legado é claro: Trump pode ter saído da Casa Branca, mas a cultura do confronto com o Judiciário parece ter vindo pra ficar. Resta saber se Biden conseguirá reverter esse cenário... ou se essa virou a nova normalidade na política americana.