
Pois é, meu caro. A Esplanada dos Ministérios, palco tradicional das pompas e circunstâncias do 7 de Setembro, teve este ano um elenco de luxo... mas notavelmente incompleto. Enquanto o país celebrava — ou pelo menos tentava —, onze das treze mentes mais poderosas do Judiciário simplesmente não deram as caras. Coincidência? Acho difícil.
O fato é que a data caiu justamente no meio de um furacão jurídico: o julgamento que discute se aquelas badernas de 8 de janeiro de 2023 foram, de fato, uma tentativa de golpe de Estado. Um tema espinhoso, para dizer o mínimo.
Dos onze, a maioria alegou motivos de foro íntimo — compromissos agendados, viagens de última hora, aquele mal-estar que surge convenientemente numa manhã de quinta-feira. Só dois, Nunes Marques e Kassio Nunes Marques (sim, a confusão de nomes é real), encararam o sol e os holofotes ao lado do presidente Lula.
O Silêncio que Grita
E não pense que isso passou despercebido. A imagem dos plenários vazios do Supremo, ocupados apenas por processos polêmicos, contrastou violentamente com a agitação da Esplanada. É como se a própria Corte, consciente do peso histórico do momento, preferisse o distanciamento solene à fotografia protocolares.
— É um recado claro — arrisca um analista político que preferiu não se identificar, é claro. — A ausência é uma forma de discurso. Eles estão dizendo, sem abrir a boca, que seu trabalho é julgar, e não aplaudir.
O julgamento em questão é, digamos, delicadíssimo. Ele vai cortar na carne e definir se os atos daquele janeiro infame se enquadram no crime de tentativa de golpe — uma figura penal que não via a luz do sol desde os idos de 1963. Não é brincadeira de criança.
O Palco e os Bastidores
Enquanto isso, no planalto, Lula discursava para uma plateia mista — parte entusiasta, parte... bem, nem tanto. Sem a presença maciça do STF, o evento perdeu aquele ar de unanimidade institucional que os governos tanto gostam de projetar.
Fica a pergunta que não quer calar: foi prudência, protesto mudo ou simplesmente um desejo coletivo de evitar constrangimentos? O fato é que o Supremo, deliberadamente ou não, roubou a cena... ficando longe dela.
O Brasil, esse país que nunca perde um bom espetáculo, ficou de olho. E a mensagem, ainda que silenciosa, foi mais eloquente que qualquer discurso.