
Eis que o Brasil se vê novamente no centro de um turbilhão político que pode ter desdobramentos imprevisíveis lá fora. O julgamento de Jair Bolsonaro não é apenas uma questão doméstica — virou peça num tabuleiro geopolítico muito mais complexo.
Fontes próximas ao Planalto e ao Supremo não disfarçam a apreensão. Há um temor real, quase palpável, de que uma condenação do ex-presidente possa acionar mecanismos de sanções por parte dos Estados Unidos. Não é algo trivial, longe disso.
O que está em jogo nas relações Brasil-EUA?
O governo Biden, sabe-se, acompanha com lupa os desdobramentos jurídicos e políticos aqui. E qualquer movimento mais drástico contra Bolsonaro pode — repito, pode — ser interpretado como perseguição política. Daí para as sanções é um pulo. E ninguém quer isso.
O Itamaraty já sinalizou, de forma discreta mas firme, que uma ruptura com os americanos seria desastrosa. Imagina o impacto na economia? Nos investimentos? No comércio exterior? É um cenário que ninguém com bom senso deseja.
O STF entre a lei e a realpolitik
Os ministros do Supremo não são ingênuos. Estão cientes do peso simbólico — e prático — de suas decisões. Há rumores de que alguns deles estariam, sim, reconsiderando o timing e até a natureza do julgamento para evitar um terremoto internacional.
Não se trata de fugir da Justiça, claro que não. Mas de dosear o ritmo para não incendiar os ânimos dentro e fora do país. É um equilíbrio delicadíssimo, quase uma corda bamba sobre um abismo.
- Reação em cadeia: Uma condenação pode servir de pretexto para grupos bolsonaristas nos EUA pressionarem por retaliações
- Interesses econômicos: Empresas brasileiras com negócios no exterior temem prejuízos incalculáveis
- Cenário imprevisível: 2024 é ano de eleição americana, e o tema pode ser instrumentalizado politamente
No fim das contas, o que se vê é um jogo de xadrez onde cada movimento precisa ser calculado ao milímetro. O Brasil não pode parecer fraco perante sua própria lei, mas também não pode ignorar as realidades do poder global.
Restamos nós, cidadãos, assistindo a mais um capítulo dessa novela que mistura lawfare, diplomacia e puro cálculo político. Torcer para que o senso comum — se é que ainda existe — prevaleça.