Não é todo dia que Paris vira um gigantesco tabuleiro de xadrez bélico — mas quando vira, é espetáculo na certa. Nesta segunda-feira (15), a Champs-Élysées foi tomada por tanques, soldados em formação impecável e caças rasgando o céu azul de verão. A razão? O tradicional desfile do 14 de Julho, que neste ano deixou claro: a França não brinca em serviço quando o assunto é defesa.
Imagine só: 4.300 militares marchando com precisão de relógio suíço, 200 veículos blindados que parecem saídos de filmes de ficção científica, e 64 aeronaves desenhando riscos brancos no firmamento. Tudo isso sob os olhares atentos do presidente Emmanuel Macron e de convidados ilustres — incluindo líderes estrangeiros que, convenhamos, devem ter voltado para casa com uma pontinha de inveja.
O show aéreo que roubou a cena
Quem pensa que desfile militar é coisa monótona nunca viu a Patrouille de France em ação. Os nove caças Alpha Jet pintaram o céu com as cores da bandeira francesa — azul, branco e vermelho — em manobras que desafiam a gravidade. Um espetáculo que, diga-se de passagem, faz os fogos de artifício parecerem brincadeira de criança.
E não foram só os aviões que impressionaram. Os tanques Leclerc, verdadeiros monstros de aço sobre esteiras, desfilaram com uma elegância paradoxal — algo como um rinoceronte dançando balé. Enquanto isso, os legionários da Legião Estrangeira marchavam com aquele passo característico, mais lento que o normal, mas carregado de uma solenidade que dava arrepios.
Um feriado com gosto de história
O 14 de Julho marca a Queda da Bastilha em 1789, evento que acendeu o pavio da Revolução Francesa. Mas longe de ser apenas uma aula de história ao ar livre, o desfile deste ano teve um pé no futuro: drones de última geração e sistemas de defesa antiaérea mostraram que a França está de olho nos desafios modernos.
Curiosamente, a celebração acontece num momento delicado para a Europa — com a guerra na Ucrânia completando mais de dois anos, e as tensões geopolíticas só aumentando. Macron, em seu discurso, não deixou escapar a mensagem subliminar: "Nossa defesa é a garantia de nossa independência". Alguém duvida?
Para os turistas sortudos que conseguiram um lugar na arquibancada improvisada, foi um dia para guardar na memória. "Parecia que o asfalto tremia com a passagem dos blindados", contou Sophie, uma estudante belga que acordou às 5h para garantir sua vaga. Valeu cada minuto de espera, segundo ela.
