
O tema é espinhoso e divide opiniões nos corredores do poder. De um lado, a necessidade gritante de investimentos para turbinar a economia. Do outro, um cuidado quase paternal para não perder o controle do que é estratégico. A China, claro, está no centro desse debate fervoroso.
Não é de hoje que os chineses fincam bandeira por aqui. Os números são expressivos, para não dizer assustadores. Só nos últimos anos, desembolsaram uma fortuna em setores que vão da energia ao agronegócio, passando por portos, ferrovias e uma penca de startups de tecnologia. A pergunta que fica, e que tira o sono de muitos analistas, é simples: até que ponto essa dependência é saudável?
O Equilíbrio Delicado Entre o Dinheiro e a Soberania
Ninguém em sã consciência é contra o capital estrangeiro. Traz desenvolvimento, gera empregos e movimenta a engrenagem económica. O problema começa quando esse capital vem acompanhado de… intenções. A China não é exatamente um investidor desinteressado, certo? A sua estratégia global de longo prazo é um tabuleiro de xadrez onde cada peça tem uma função específica.
O receio – legítimo, diga-se – é que o Brasil vire mais uma peça nesse jogo. Que setores vitais para a nossa segurança e autonomia caiam nas mãos de um governo estrangeiro. Imagina só a encrenca se a nossa rede de energia, nossas comunicações ou nossos portos fossem controlados de fora? É um risco que não podemos correr, nem por todo o ouro do mundo.
O Que Dizem os Especialistas?
Conversando com gente que entende do riscado, a opinião é quase unânime: precisamos de um marco regulatório forte. Um conjunto de regras claras que diga ‘até aqui, pode; daqui pra frente, é nosso’. Um mecanismo de triagem que avalie não apenas o valor financeiro do investimento, mas o seu impacto estratégico a longo prazo.
É preciso ter um olhar clínico para cada proposta. Um porto pode parecer um negócio fantástico no papel, mas e se vier com amarras que comprometam a nossa logística nacional daqui a vinte anos? A tecnologia 5G é bem-vinda, mas não podemos abrir mão da segurança dos nossos dados. São nuances que fazem toda a diferença.
O caminho, parece, é um só: negociar com astúcia. Aproveitar a onda de investimentos, mas com os pés firmes no chão e os olhos bem abertos. Celebrar os acordos que forem bons para o país, e recusar, com educação mas com firmeza, aqueles que cheiram a armadilha. O Brasil é grande demais, e importante demais, para ser um mero coadjuvante no projeto de poder de qualquer outra nação.