O clima é pesado, a torcida está em polvorosa e a Série B bate à porta. Mas no olhar do presidente do Vitória, Bruno Lopes, não se vê um pingo de pânico. Em uma conversa franca e direta, ele encara a realidade de frente, sem rodeios ou desculpas esfarrapadas.
"Medo? Zero." A frase ecoa com uma tranquilidade quase desconcertante. "Claro que a gente não quer nem ouvir falar nisso, mas se vier, não será o fim do mundo. Será um recomeço necessário."
Assumindo a bronca
Diferente de muitos dirigentes que fogem da responsabilidade quando a água bate na bunda, Lopes não esquiva. Ele mete a mão no peito e admite: a gestão errou feio. A montagem do elenco, aquela que parecia tão promissora no papel, não se materializou em campo. Os resultados, ah, esses ficaram aquém do esperado – e como.
"A gente trouxe jogadores com nome, experiência... mas o futebol é isso, né? Às vezes o que funciona no papel vira um quebra-cabeça mal armado em campo. Assumimos a responsabilidade por essas escolhas."
O futuro, com ou sem Série B
E é aí que a coisa fica interessante. Enquanto muitos já enterram o time, o presidente pinta um cenário diferente. Ele fala em reformulação, em bases sólidas, em um projeto que não vai pro ralo por causa de uma possível queda. Parece até que ele já está se preparando psicologicamente – e estruturalmente – para o pior.
"Temos que ser inteligentes. Se a Série B for nossa realidade no ano que vem, que seja. Vamos usar isso para construir algo duradouro, não apenas para apagar incêndio." Corajoso, não?
O recado para a torcida? União. Aquele clichê que, nas horas difíceis, deixa de ser clichê e vira necessidade. "Precisamos deles mais do que nunca. É fácil apoiar quando tudo vai bem, o desafio é estar junto na vaca magra."
Resta saber se o discurso de coragem e resiliência vai se sustentar até o apito final do campeonato. Uma coisa é certa: o presidente do Vitória não está se escondendo debaixo da mesa.
