Não é de hoje que o fogo cruzado entre Javier Milei e sua vice, Victoria Villarruel, esquenta os corredores do poder na Argentina. Mas desta vez, o estopim foi um tema sensível: o aumento para aposentadorias.
"Traição", "deslealdade", "jogo sujo" — os adjetivos não foram poupados pelo presidente argentino ao se referir à sua própria vice-presidente. E olha que estamos falando de aliados políticos, pelo menos no papel.
O estilingue que voltou
Parece que Milei guardava a faca — e afiou ela direitinho antes de cravar nas costas da vice. Depois que Villarruel defendeu publicamente um reajuste para os benefícios previdenciários, o presidente simplesmente soltou os cachorros.
"Quando alguém do seu próprio time pisa na bola assim, não tem jeito: ou corta o mal pela raiz ou vira chacota", disparou um assessor próximo ao Palácio, sob condição de anonimato.
Os números que ninguém quer ver
Enquanto a briga toma conta dos holofotes, os aposentados argentinos seguem nadando contra a corrente:
- Inflação acumulada de 211% nos últimos 12 meses
- Poder de compra das aposentadorias caiu 30% desde 2020
- Benefício médio não cobre sequer a cesta básica
"É como enxugar gelo", comentou uma aposentada de 72 anos, enquanto fazia fila no banco. "Eles brigam lá em cima, e nós aqui embaixo vamos nos virando com migalhas."
O jogo de poder por trás dos panos
Analistas políticos arriscam dizer que essa treta vai muito além de uma simples discordância sobre política econômica. Parece mais um jogo de xadrez onde cada movimento calcula futuras alianças eleitorais.
Villarruel, diga-se de passagem, não é qualquer peão nesse tabuleiro. Com raízes profundas nos setores mais conservadores, ela pode ser a âncora que impede o governo Milei de virar um barco à deriva.
Ou, como diriam os portenhos mais cínicos: "Cuando la limosna es grande, hasta el santo desconfía".
