Lula Põe o Bloco na Rua: Desfile de 7 de Setembro em Brasília Exalta Soberania Nacional com Fogo nos Discursos
Lula no 7 de Setembro: discurso pela soberania nacional

Era pra ser mais um desfile cívico, mas virou palco. Brasília amanheceu sob um sol inclemente — daqueles que parecem testar a paciência até dos mais patrióticos — e o presidente Lula não perdeu a chance de transformar o ritual anual em algo muito mais contundente.

Com a Esplanada dos Ministérios como cenário, o mote "Brasil Soberano" ecoou como um mantra, mas entre as linhas do discurso oficial havia um subtexto cortante. Quem esperava apenas soldados marchando e carros alegóricos se surpreendeu: foi um evento que misturou celebração com manifesto político.

O tom do discurso: muito além do protocolo

Lula, sabe-se, não é um orador neutro. Suas palavras carregam o peso de quem já foi preso, deposto e depois reeleito — e isso transbordou no palanque improvisado. Ele falou de soberania, é claro, mas com uma ênfase que beirava a provocação. "Não vamos abrir mão do nosso destino", declarou, num recado que muitos interpretaram como um balão de ensaio para temas que devem dominar os próximos meses.

Nada foi dito por acaso. Cada menção à "liberdade" e à "autonomia decisória" soou como um capítulo dessa nova fase do governo — um governo que, diga-se, ainda tenta consolidar sua base e ao mesmo time se contrapor a uma oposição barulhenta.

Quem estava lá — e quem não estava

Olhando para os lados, dava pra sentir as ausências. Alguns governadores aliados preferiram celebrar em seus estados — será que foi só coincidência? Já os ministros compareceram em peso, num sinal claro de unidade… ou de obrigação protocolar.

O público? Uma mistura de curiosos, militantes de carteirinha e muitos — muitos mesmo — servidores públicos que foram liberados mais cedo e decidiram dar uma passada por lá. Nem todos pareciam totalmente convencidos pelo espetáculo, mas hey, feriado é feriado.

O desfile em si: tradição com pitadas de modernidade

Os militares fizeram sua parte impecável, como sempre. Tanques, soldados marchando em sincronia quase hipnótica, aviões cortando o céu num ronco que arrepia. Mas teve também grupos culturais, representantes de movimentos sociais… uma tentativa clara de diversificar o simbolismo da data.

Não foi só sobre passado. Foi sobre presente — e sobre qual Brasil está sendo construído agora.

No final, o que ficou foi a sensação de que o 7 de setembro de 2023 não seria apenas mais uma data no calendário. Tornou-se, sim, um termômetro político. E a temperatura está longe de ser amena.