Numa tarde que misturava calor goiano com fervor político, Lula soltou o verbo no Congresso da UNE em Goiânia. E como sempre, não economizou nas metáforas — comparou as tarifas de Trump a "um cobertor curto que só esquenta um lado".
O auditório, repleto de estudantes suando em bicas, ouviu atento enquanto o presidente desfiou um rosário de críticas ao protecionismo comercial dos EUA. "Quando um país grande espirra", disparou, "os outros pegam pneumonia — e dessa vez foi gripe com assinatura dourada".
Os números que preocupam
Entre uma piada e outra — porque Lula nunca perde o timing —, veio o dado duro: as tarifas americanas chegaram a bater 25% sobre o aço brasileiro. "É como levar um chute no fígado quando você tá de costas", resumiu, arrancando risos nervosos.
- Queda de 18% nas exportações para os EUA no último trimestre
- Setor automotivo como o mais afetado
- Previsão de impacto em cadeias produtivas até 2025
Mas não pense que foi só lamentação. O presidente, com aquela cara de quem já viu o filme antes, lembrou que "o Brasil não é coadjuvante nessa novela". E soltou a cartada: "Temos alternativas, e a China não é a única".
O xadrez geopolítico
Nessa altura, até os celulares pararam de filmar por um instante. Lula, agora sério como poucas vezes, traçou um panorama que faria qualquer estudante de relações internacionais babar:
- Ampliação do comércio com países africanos
- Acordos em negociação com a Indonésia
- Reativação do Mercosul como prioridade
"Política externa é como dança de salão", filosofou. "Às vezes você segue, às vezes conduz — mas nunca pode pisar no pé do parceiro." A plateia, é claro, comeu com farinha.
Quando questionado sobre possíveis retaliações, o presidente foi taxativo: "Não vamos partir pra briga de bar, mas também não ficaremos de copo na mão". A metáfora alcoólica, intencional ou não, pareceu resumir o tom do governo — nem confronto direto, nem passividade.
O final? Como sempre, deixaram o melhor pro encerramento. Ao ser perguntado sobre lições da era Trump, Lula soltou: "Na política internacional como no futebol, time que fica só na defesa toma gol. E nós estamos de olho no ataque". Aplausos ensurdecedores. Fim de papo.
