Ação judicial quer barrar flexibilização de licenciamento ambiental em sítios arqueológicos do Acre — entenda o caso
MPF quer barrar flexibilização em sítios arqueológicos do Acre

O Ministério Público Federal (MPF) decidiu botar o pé no freio — e não é metáfora. Na terça (5), protocolaram uma ação pedindo a suspensão imediata de resoluções que afrouxam as regras do licenciamento ambiental em áreas arqueológicas do Acre. A jogada? Potencialmente catastrófica, segundo arqueólogos.

Imagine só: debaixo daquele solo amazônico, cerâmicas milenares, ferramentas pré-coloniais e até vestígios de civilizações extintas. Tudo isso agora sob risco de virar pó de brita para obras com licenciamento "light".

O cerne da briga

Duas resoluções do Conselho Estadual de Meio Ambiente (CEMAC) viraram alvo:

  • Redução de etapas de análise para empreendimentos próximos a sítios arqueológicos
  • Possibilidade de "estudos simplificados" onde antes exigiam laudos detalhados

"É como trocar um raio-X por uma selfie borrada", dispara um técnico do IPHAN que preferiu não se identificar. A gente até entende a pressão por agilizar obras, mas sacrificar patrimônio histórico? Aí é de cair o queixo.

Os números que assustam

Só no último ano:

  1. 14 processos de licenciamento passaram pelo novo crivo
  2. 3 sítios já sofreram danos durante obras rodoviárias
  3. R$ 2,8 milhões em multas aplicadas (que ninguém garante serem suficientes)

O MPF não tá brincando em serviço. Na ação, citam casos concretos onde a flexibilização levou a:

  • Destruição de urnas funerárias indígenas durante terraplanagem
  • Fragmentos cerâmicos tratados como "entulho" em canteiro de obras

E olha que irônico: enquanto o mundo discute como preservar a Amazônia, aqui estamos facilitando a destruição da própria memória da floresta. Faz sentido? Nem um pouco.

O outro lado da moeda

O governo estadual — é claro — defende as mudanças. Alegam que as novas regras:

  • Agilizam obras essenciais sem descuidar da preservação
  • Possuem mecanismos de compensação ambiental
  • Seguem "padrões internacionais" (embora não citem quais)

Mas cá entre nós: quando um funcionário público solta que "progresso não pode esperar", é bom segurar a carteira — e no caso, os artefatos históricos.

A Justiça Federal ainda não marcou data para análise do caso. Enquanto isso, arqueólogos fazem vaquinha virtual para monitorar sítios ameaçados. Triste ironia ter que proteger o passado do próprio futuro.