
O que começou como manifestações pacíficas rapidamente descambou para o caos absoluto. As ruas do Nepal transformaram-se num campo de batalha esta semana, com cenas que lembraram os piores momentos da guerra civil que assolou o país até 2006. E no centro de tudo, uma demanda antiga que ressurgiu com força brutal: a criação de uma província autônoma para a comunidade madhesi.
Números oficiais — que muitos consideram subestimados — falam em pelo menos oito mortos e mais de trezentos feridos. Mas fontes médicas nos hospitais de Kathmandu e das regiões afetadas sussurram números muito mais sombrios. "A situação é de guerra não declarada", confidenciou um médico que pediu anonimato, "estamos atendendo feridos a cada cinco minutos."
O Estopim de uma Crise Anunciada
Ah, a política... Sempre a política. Desta vez, a faísca que incendiou o país foi a proposta de emenda constitucional que redefine as fronteiras provinciais. Os madhesis, grupo étnico que habita as planícies do sul, sentem-se historicamente marginalizados pelo governo central. E desta vez, decidiram que não aceitariam mais promessas vazias.
As imagens que circulam — quando conseguem escapar da censura — mostram um cenário dantesco: veículos em chamas, nuvens de gás lacrimogêneo pairando sobre multidões, e o som incessante de sirenes. A polícia nepalesa, claramente sobrecarregada, respondeu com what muitos observadores internacionais classificaram como "uso desproporcional da força".
Toque de Recolher e Isolamento
O governo, é claro, não ficou parado. Impôs toque de recolher nas áreas mais críticas e suspendeu serviços de internet — estratégia que se tornou lamentavelmente comum em crises do tipo. Restaurantes fechados, escolas vazias, comércio paralisado. A economia nepalesa, que já não ia nada bem, levou mais um golpe brutal.
E enquanto isso, a comunidade internacional assiste — como sempre — com preocupação cautelosa. A Índia, vizinho gigante com imensa influência na região, emitiu um comunicado diplomaticamente cuidadoso pedindo "moderação de todos os lados". Mas nas ruas, ninguém parece estar ouvindo.
O que vem por aí? Difícil prever. O Nepal conhece bem o sabor amargo dos conflitos étnicos, mas desta vez parece diferente. Há uma determinação nos olhos dos manifestantes que sugere que não voltarão para casa tão cedo. E o governo, por sua vez, mostra pouca disposição para ceder.
Uma receita perfeita para mais tragédia. Infelizmente.