
Imagine passar meses — ou anos — espremido numa cela feita para dez, mas que abriga trinta. Agora, de repente, a porta se abre. Você está livre. Foi exatamente isso que aconteceu com dezenas de detentos em Santa Catarina, num movimento que deixou muita gente de cabelo em pé.
O que rolou, afinal?
A Justiça catarinense decidiu, não sem polêmica, revisar casos de presos provisórios (aqueles que ainda não foram julgados). O critério? Tempo de espera. Se o processo deles estava parado há mais tempo do que a pena máxima do crime que cometeram — ou poderiam cometer —, tchau e bença. Simples assim.
Não foi um "liberou geral", claro. A decisão veio após análise individual, mas o estrago — ou alívio, dependendo de quem você pergunta — já estava feito. Cadeias que pareciam lata de sardinha respiraram aliviadas.
E o sistema carcerário? Bom, esse sempre foi um problema crônico.
Santa Catarina, como todo Brasil, sofre com superlotação. Só pra ter ideia, algumas celas têm até três vezes mais gente do que deveriam. Banheiro? Esquece. Dormir de lado, igual sardinha, virou rotina. A pandemia piorou tudo — como se já não bastasse o inferno que já era.
- Presos provisórios: Quase 40% dos detentos no estado nem foram julgados ainda
- Tempo médio de espera: Às vezes maior que a pena do crime em si
- Custo: Manter alguém preso custa mais que um salário mínimo por mês
"Mas e a segurança pública?", você deve estar se perguntando. Pois é, aí que tá o xis da questão. Alguns especialistas defendem que prender gente sem julgamento por anos a fio é mais perigoso que soltar — cria revolta, ensina crime, piora tudo. Outros? Bem, esses nem querem ouvir falar no assunto.
E agora, José?
O debate tá longe de acabar. Enquanto isso, os liberados tentam recomeçar — alguns com tornozeleira, outros com medidas alternativas. Resta saber se a Justiça acertou na mosca ou se vamos ver esses nomes de novo nas páginas policiais. Só o tempo — e quem sabe uma reforma no sistema — vai dizer.
Uma coisa é certa: o problema das prisões brasileiras não se resolve com canetada. Mas quando a alternativa é deixar gente apodrecendo atrás das grades sem julgamento, aí a conta não fecha — nem moral, nem financeiramente.