Juiz absolve humorista por fala racial, mas mantém denúncia contra 'irmão macaca preta' — entenda o caso
Juiz absolve humorista por fala racial, mas irmão é denunciado

Numa decisão que promete acender debates acalorados, um juiz de São Paulo deu um veredito que divide opiniões. De um lado, a absolvição de um humorista por declarações consideradas de cunho racial — sob o argumento de liberdade de expressão. Do outro, a manutenção da denúncia contra seu irmão, que teria usado a expressão "macaca preta".

O caso, que já vinha dando o que falar, ganhou contornos ainda mais complexos. O magistrado, ao analisar as provas, considerou que as falas do comediante estavam dentro do "contexto humorístico". Mas atenção: não foi um passe livre para ofensas. O juiz deixou claro que cada situação deve ser analisada no seu contexto específico.

O que pesou na decisão?

Curiosamente, o que parece ter feito a diferença foi a intenção por trás das palavras. No caso do humorista, a corte entendeu que não havia dolo racial — aquela intenção clara de ofender. Já no caso do irmão, a história foi diferente. A expressão "macaca preta", segundo o juiz, ultrapassou os limites do aceitável.

Não é todo dia que vemos a justiça fazer esse tipo de distinção tão fina. Alguns especialistas já estão chamando de "jurisprudência do contexto" — onde o mesmo tipo de fala pode ser interpretado de maneiras completamente diferentes dependendo das circunstâncias.

E agora, José?

A decisão, claro, não agradou a todos. Enquanto defensores da liberdade de expressão comemoram, movimentos sociais veem um precedente perigoso. "É como se estivessem dizendo que algumas ofensas raciais são mais ofensivas que outras", criticou um ativista que preferiu não se identificar.

Por outro lado, há quem defenda que a justiça acertou em cheio. "Não podemos criminalizar o humor", argumenta um advogado especializado em direito das artes. "Mas também não podemos normalizar discursos de ódio disfarçados de piada."

Uma coisa é certa: o caso deve render ainda muita tinta nos tribunais. Enquanto isso, a pergunta que fica é: onde traçar a linha entre o que é humor e o que é crime? Difícil responder, não é mesmo?