
Eis que a Justiça decidiu: os nove vereadores de Cuiabá que estavam no banco dos réus por supostos desvios em licitações podem voltar a ocupar seus assentos no plenário. Sim, aqueles mesmos que foram afastados num piscar de olhos durante a operação Taturana, deflagrada com estardalhaço no começo do ano.
O desembargador Carlos Alberto Alves da Rocha, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, deu o aval para o retorno deles. A decisão saiu na tarde desta segunda-feira (2) e pegou todo mundo de surpresa – ou quase todo mundo.
Mas calma, que a coisa não é tão simples quanto parece. O magistrado deixou claro que a soltura dos edis não significa, nem de longe, que eles estão inocentes. Na verdade, é mais uma daquelas manobras jurídicas que deixam o cidadão comum com a pulga atrás da orelha.
O cerne da questão
A operação Taturana, capitaneada pelo Ministério Público Estadual, investigava um suposto esquema de corrupção envolvendo contratos de publicidade. Segundo as investigações, rolavam propinas para facilitar a aprovação de licitações – aquela velha história que insiste em se repetir nos bastidores do poder.
O contrato mais sujo, pasmem, era de R$ 1,7 milhão. Uma grana preta que, convenhamos, daria para fazer muita coisa pela cidade. Mas parece que preferiram canalizar para bolsos privados.
Os parlamentares responderão ao processo em liberdade, assim como os quatro servidores públicos também envolvidos nessa roubada. E olha que o Ministério Público pediu o mantenimento do afastamento, mas a Justiça preferiu seguir outro caminho.
O que diz a defesa
Os advogados dos vereadores, claro, comemoraram a decisão como se fosse título de campeonato. Alegam que o afastamento era desproporcional e que seus clientes cooperaram com a investigação. “É a vitória da legalidade”, disseram, com aquela pose de quem ganhou na loteria.
Mas eu fico pensando: e a população de Cuiabá, o que ganha com isso? Volta e meia a gente vê esses mesmos rostos ocupando cadeiras que deveriam ser de serviço público, não de picaretagem.
O caso segue em segredo de Justiça, então muitos detalhes ainda estão sob sete chaves. O que se sabe é que o desembargador considerou que não havia risco para a investigação – mesmo com os investigados de volta aos seus postos.
Enquanto isso, a vida política cuiabana segue seu curso, entre idas e vindas, escândalos e mais escândalos. E o povo? Ah, o povo fica assistindo de camarote, tentando entender as regras de um jogo que parece sempre mudar.