
Não foi um desfile qualquer. Longe disso. O tradicional evento de 7 de Setembro em Brasília, que deveria ser uma celebração unânime da independência do Brasil, transformou-se em um palco de tensões políticas difíceis de ignorar. O presidente Lula, acompanhado por ministros e autoridades, assistia à parada militar quando os primeiros gritos começaram.
E não eram gritos de comemoração.
Da arquibancada, ecoava uma mensagem clara e incisiva: "Sem anistia!" A frase, repetida como um mantra por grupos de manifestantes, cortou o ar como uma faca durante o desfile cívico-militar. Um contraste gritante com a solenidade do evento oficial.
O clima tenso na Esplanada
Enquanto tanques e soldados desfilavam pela Esplanada dos Ministérios, a presença presidencial – normalmente motivo de aplausos em eventos patrióticos – foi recebida com uma mistura complexa de reações. Alguns espectadores aplaudiram, sim. Mas muitos outros optaram pelo protesto vocal, criando um ambiente dividido que reflete perfeitamente o momento político nacional.
Lula, visivelmente consciente dos gritos, manteve uma postura séria durante boa parte da cerimônia. Seus ministros, igualmente, pareciam absorvidos pelo clima pesado que pairava sobre o evento. Não era exatamente o que se esperaria de uma celebração da independência, não é?
O significado dos protestos
Os gritos de "sem anistia" claramente fazem referência aos recentes debates políticos sobre possíveis medidas de clemência para envolvidos nos eventos de 8 de janeiro de 2023. A população presente, ou pelo menos uma parte significativa dela, deixou claro que não aceitaria qualquer tipo de anistia para os responsáveis pelos ataques às instituições democráticas.
E que fique registrado: não foram apenas meia dúzia de pessoas. Pelos relatos de quem estava lá, os gritos eram suficientemente fortes para competir com o som oficial da celebração. Um recado democrático, direto e sem intermediários para o Planalto.
Um desfile com sabor amargo
O desfile em si seguiu o roteiro tradicional – militares, veículos blindados, bandas marciais e representações culturais. Mas a atmosfera estava longe do habitual espírito cívico. Havia uma eletricidade no ar, uma tensão palpável que transformou o evento em algo muito além de uma mera formalidade patriótica.
Para analistas políticos, a cena simboliza perfeitamente os desafios atuais do governo: como unir um país profundamente dividido? Como celebrar a pátria quando visões políticas opostas parecem irreconciliáveis?
O 7 de Setembro de 2025 certamente entrará para a história não pela pompa militar, mas pela voz da população que decidiu usar a data para enviar uma mensagem inconfundível aos seus governantes. E essa mensagem, caro leitor, era simplesmente impossível de ignorar.