
Pois é, o assunto que não quer calar e volta à tona com força total. A tal da anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que muita gente especulava ser uma possibilidade, esbarra numa parede de opinião pública. E não é uma parede baixa, não.
O Datafolha, sempre a postos com seus termômetros de opinião, foi a campo e trouxe um número que, convenhamos, é difícil de ignorar: 54% dos brasileiros simplesmente fecham a porteira para a ideia de anistia. Só 39% topam a proposta, e o resto? Bem, o resto ou não soube responder ou preferiu ficar na moita. (Quem nunca, né?).
O Retrato de uma Divisão que Vai Muito Além dos Números
Mas os dados, ah, os dados sempre contam histórias mais complexas. A pesquisa, feita entre os dias 2 e 3 de julho, ouviu mais de duas mil pessoas em quase 150 municípios. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos, o que é padrão-ouro nesse tipo de trabalho.
O mais fascinante – ou talvez preocupante – é ver como o país se fragmenta ao olhar para esse tema. A rejeição é majoritária em praticamente todos os cantos, mas a intensidade varia que é uma beleza. Nas regiões Norte e Centro-Oeste, o apoio à anistia ainda consegue respirar, embora sem fôlego para virar o jogo. Já no Nordeste, a oposição à proposta é avassaladora, um verdadeiro rolo compressor.
E não para por aí. Se a gente fatiar a sociedade por idade, educação e renda, o abismo fica ainda mais evidente. Pessoas com ensino superior, por exemplo, são as que mais torcem o nariz para a anistia. Já entre aqueles que só concluíram o ensino fundamental, a resistência é um pouquinho menor. Uma verdadeira aula de sociologia, mas sem professor.
E no Meio de Tudo Isso, o Que Resta?
O que esses números gritam, no fim das contas, é que o Brasil segue com suas feridas políticas bem abertas. A polarização, longe de ser um fantasma do passado, ainda dita o ritmo do nosso debate público. A simples menção ao nome Bolsonaro é suficiente para acirrar ânimos de ambos os lados.
Uma coisa é certa: qualquer movimento político que queira tocar nesse vespeiro terá que lidar com um fato incontestável. A maioria do país, pelo menos por enquanto, não compactua com a ideia de um perdão. E numa democracia, ignorar a vontade da maioria... bem, é pedir para passar perrengue.
Fica o retrato. Um país em busca de seu caminho, tentando digerir um passado recente turbulento e decidindo, a cada pesquisa, que futuro quer construir. A bola, como sempre, está no campo da política.