
O cenário é digno de um roteiro de filme de espionagem de quinta categoria, mas foi parar nas timelines de muita gente. Na última quinta-feira (5), uma história absurda começou a ganhar tração nas redes sociais – e, como sempre, sem um pingo de verdade.
Alguém, em algum lugar, resolveu inventar que o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal, teria sido alvo de uma tentativa de assassinato. O suposto método? Nada menos que a sabotagem da aeronave que o transportaria. A narrativa é cheia de detalhes dramáticos, mas é tudo ficção. Pura invencionice.
Como a mentira se espalhou (e por que é crucial freá-la)
Essa lorota surgiu daquele lugar escuro da internet onde os boatos nascem e se multiplicam mais rápido que coelho. Primeiro em grupos de WhatsApp de nicho, depois migrou para as plataformas maiores, como X (antigo Twitter) e Facebook. O padrão é sempre o mesmo: uma informação sensacionalista, zero fontes confiáveis e um objetivo claro de semear o caos e a desconfiança nas instituições.
É exaustivo ter que desmentir esse tipo de coisa, mas é necessário. A aviação civil brasileira é uma das mais seguras e regulamentadas do mundo – a ideia de que uma sabotagem dessa magnitude passaria despercebida é, no mínimo, risível para qualquer um que entenda o mínimo do setor.
O que realmente aconteceu? A chatice da verdade.
Ao contrário da trama emocionante dos criadores da fake news, a realidade é bem mais… comum. Não houve nenhum registro anormal de voo envolvendo o ministro, muito menos qualquer tipo de investigação por parte da Polícia Federal, da Força Aérea Brasileira (FAB) ou da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).
Silêncio total dos órgãos responsáveis. E olha, se uma ameaça real a um ministro do STF tivesse ocorrido, pode ter certeza que o burburinho oficial seria enorme. Às vezes, a verdade é chata mesmo: foi um dia comum, com um voo comum.
O perigo real não está numa sabotagem fictícia, mas na capacidade que essas histórias têm de envenenar o debate público e erodir a confiança que as pessoas têm em tudo – desde a operação de um avião até a integridade das nossas autoridades. É um jogo perigoso.
Fica esperto: como identificar uma notícia falsa?
Pergunte sempre, antes de compartilhar qualquer coisa que pareça bombástica:
- Qual é a fonte primária? Quem está relatando isso primeiro? Um perfil anônimo ou um veículo de imprensa conhecido?
- Outros veículos sérios estão cobrindo o fato? Uma notícia de verdadeira grandeza não seria repercutida por apenas um canal.
- A história apela excessivamente para a emoção? Desconfie de textos que usam linguagem catastrófica e dramática para contar um fato.
No fim das contas, a arma mais poderosa contra a desinformação continua sendo o velho e bom senso crítico. Use-o.