
Eis que a Polícia Federal resolveu cutucar uma ferida que muitos pensavam já cicatrizada. Nesta quarta-feira (3), os agentes saíram às ruas com mandados de busca e apreensão nas mãos - e uma missão nada simples: desvendar onde foram parar os milhões destinados a alimentar famílias vulneráveis durante aqueles tempos sombrios de pandemia.
Parece até piada de mau gosto, não? Enquanto o país registrava milhares de mortes diárias e o desespero batia à porta de milhões de brasileiros, alguns espertalhões viam aí uma oportunidade de ouro. Ou melhor, de várias notas de cinquenta.
O modus operandi que envergonha
Segundo as investigações - que ainda estão em andamento, diga-se de passagem - o esquema funcionava através de superfaturamento descarado nas cestas básicas. Imagina só: produtos de qualidade duvidosa sendo vendidos a preços de ouro, enquanto crianças passavam fome. É de cair o queixo da cara mesmo.
Os investigadores suspeitam que empresas envolvidas nos contratos agiam em conluio com servidores públicos. Uma combinação perfeita para o desastre, como sempre. Documentos foram adulterados, notas fiscais 'criativas' foram emitidas e, no final das contas, quem se deu mal foi sempre o mesmo: o contribuinte.
Os números que doem no bolso
Embora os valores exatos ainda estejam sendo apurados - essas coisas sempre são mais complexas do que parecem - as estimativas iniciais falam em desvios que podem chegar a dezenas de milhões de reais. Dinheiro que deveria ter comprado comida, mas que provavelmente financiou carros de luxo e jantares finos.
E o pior? Isso não é novidade nenhuma. Desde o início da pandemia, alertas sobre possíveis desvios pipocavam por todos os lados. Mas parece que a ganância falou mais alto, como sempre.
O que esperar agora?
A operação desta quarta-feira é apenas o começo. Os investigadores ainda têm muito pano para manga - e prometem seguir cada fio dessa meada embaraçosa. Mandados foram cumpridos no Distrito Federal, mas a tendência é que o inquérito se expanda para outros estados.
Restabelecer a confiança da população? Difícil, muito difícil. Mas pelo menos é um sinal de que alguém ainda está de olho. E que crimes contra o erário público - especialmente em momentos tão críticos - não ficarão impunes.
Enquanto isso, nas prateleiras dos supermercados, as cestas básicas continuam caras. E vazias. A ironia não poderia ser mais cruel.