Israel retoma distribuição aérea de ajuda humanitária em Gaza — entenda o impacto
Israel retoma ajuda aérea humanitária em Gaza

Era uma daquelas decisões que pareciam emperradas num cabo-de-guerra geopolítico — até que, de repente, o nó se desfez. Depois de um mês de restrições que deixaram a população de Gaza à beira do colapso, Israel voltou a permitir que aviões distribuam ajuda humanitária na Faixa. Não foi um "sim" entusiasmado, claro. Mais um daqueles acenos calculados, como quem joga migalhas pra acalmar os ânimos internacionais.

Os primeiros voos — carregados de medicamentos, alimentos e itens básicos — já sobrevoam o território. "É uma gota no oceano de necessidades", admite um funcionário da ONU que prefere não se identificar. Ainda assim, melhor que nada num lugar onde até um analgésico vira artigo de luxo.

O que mudou?

Até semana passada, a ajuda entrava basicamente por caminhões — quando entrava. Agora, os céus voltam a ser uma opção. Pra quem não acompanha o noticiário do Oriente Médio há anos, pode parecer pouco. Mas no xadrez dessa região, até um peão movido mexe com o tabuleiro inteiro.

Os motivos da mudança? Oficialmente, "avaliação humanitária". Nos bastidores, fala-se em pressão de governos árabes e da própria Casa Branca. Afinal, imagens de crianças desnutridas não combinam com discursos de paz.

Os números que doem

  • 85% da população de Gaza depende de ajuda externa
  • 1,3 milhão de pessoas em situação de "insegurança alimentar aguda"
  • Menos de 20% dos hospitais funcionam com capacidade mínima

Não espere, porém, um "final feliz" tão cedo. Ainda há mais perguntas que respostas: os voos serão diários? Que tipos de carga serão prioritários? E — o elefante na sala — até quando a medida vai durar?

Enquanto diplomatas trocam elogios cautelosos, em Gaza a realidade é outra. "Ajuda aérea é como dar aspirina pra quem tá com hemorragia", dispara uma enfermeira local via mensagem de áudio. O tom? Cansado. O sentimento? Alívio misturado com descrença.