
Não foi um estrondo qualquer. Foi algo que ecoou como um trovão seco e prolongado, rasgando o já combalido céu de Gaza. Mais um gigante de concreto tombou, e com ele desabou também qualquer resquício de normalidade na Faixa sitiada.
O Palestine Tower, segundo edifício mais alto da região — uma estrutura de 15 andares que abrigava apartamentos, escritórios e até algumas redações de veículos de mídia — foi reduzido a uma montanha de escombros fumegantes. A imagem é dantesca, sabe? Aquele pó fino que sobe e se mistura com a poeira já existente, criando uma névoa fantasmagórica sobre a cidade.
Uma estratégia que divide opiniões
O Exército israelense, é claro, não age no vácuo. Eles justificam a ação — classificada como "precisa e cirúrgica" — alegando que o prédio servia de base de operações para o grupo Hamas. Militantes, infraestrutura de comando… você já conhece o discurso. Mas cá entre nós, a estratégia de "atingir a infraestrutura civil suspeita" é um campo minado moral e diplomaticamente. O resultado visual, no entanto, é indiscutível: uma demonstração de força avassaladora.
E aí você se pergunta: até que ponto o fim justifica os meios? A comunidade internacional, como sempre, se contorce. Alguns condenam veementemente a tática, classificando-a como desproporcional. Outros, em coro mais silencioso, sussurram sobre o "direito à defesa". Enquanto isso, do chão de Gaza, só sobram histórias de vidas interrompidas e um patrimônio urbano que some em segundos.
O que se perde além do concreto?
Não eram apenas andares. Eram lares. Escritórios de pessoas que tentavam, contra todas as probabilidades, manter um negócio funcionando. Era o endereço de jornalistas que documentam — ironia das ironias — a própria destruição ao redor. A perda é tangível e intangível ao mesmo tempo.
O vídeo da implosão, amplamente divulgado, é de cortar o coração. A estrutura primeiro parece hesitar, depois se inclina com uma certa elegância trágica antes de desmoronar completamente. Leva segundos. Segundos para apagar anos de história e memórias.
Esta não é a primeira vez, e dificilmente será a última. A região vive um ciclo vicioso de violência e retaliação que parece não ter fim à vista. Cada explosão é mais um capítulo sombrio nessa narrativa interminável de dor.
E o mundo? O mundo assiste. E compartilha. E comenta. E segue em frente. Para os moradores de Gaza, no entanto, o barulho dos escombros ainda está ecoando. E vai ecoar por muito, muito tempo.