
Era um dia como qualquer outro em Minas Gerais quando ele decidiu partir. Nem um aviso, nem despedidas dramáticas — apenas aquele olhar determinado que amigos conheciam bem. Agora, resta o silêncio. O mineiro que trocou o café pela guerra na Ucrânia não voltará para casa.
"Ele sempre foi do tipo que corria na direção do perigo, nunca fugia", conta um amigo próximo, a voz embargada. O brasileiro — cujo nome ainda não foi divulgado oficialmente — teria morrido durante intensos combates na região de Donetsk, segundo relatos de companheiros de batalha.
Do Brasil para o front: uma jornada sem volta
Ninguém imaginaria, vendo aquele cara tranquilo num boteco de Belo Horizonte, que ele acabaria num campo de batalha na Europa. Mas a guerra tem dessas coisas — transforma vidas com uma frieza que dói. O mineiro chegou à Ucrânia no ano passado, integrando o crescente número de voluntários estrangeiros.
"Recebi a mensagem semana passada", diz o amigo, esfregando os olhos. "Diziam que ele foi pego num ataque de artilharia. Morreu na hora." A notícia veio através de outro combatente brasileiro que ainda está no front — porque nessas situações, os canais oficiais costumam demorar mais que a dor.
O preço de uma escolha
Desde o início da invasão russa em 2022, pelo menos 15 brasileiros já se alistaram nas forças ucranianas. Três morreram. Esse mineiro seria o quarto. E talvez não o último, pensam os que acompanham de longe esse conflito que já dura mais do que muitos previam.
O Itamaraty confirmou que foi acionado sobre o caso, mas os detalhes — sempre os detalhes — ainda estão envoltos na névoa da guerra. Enquanto isso, na casa do mineiro em Minas, a mesa posta espera por quem não sentará mais à cabeceira.
"Ele acreditava naquilo", suspira o amigo. "Dizia que era maior que ele." Resta agora saber se a história lembrará seu nome — ou se ele será apenas mais um número nas estatísticas trágicas desse conflito sem fim à vista.