Não é exagero dizer que Gaza vive seu pior pesadelo desde o início do conflito. Mais de 100 organizações não governamentais — algumas delas com décadas de experiência em zonas de guerra — estão soando o alarme sobre um cenário que, francamente, parece saído de um filme distópico.
"É como se o tempo tivesse voltado para a Idade Média", desabafa um coordenador médico que prefere não se identificar. "Crianças com ossos visíveis sob a pele, famílias disputando migalhas, hospitais sem luz ou medicamentos..."
Números que doem
Os dados são crus:
- 85% da população já enfrenta insegurança alimentar severa
- 1 em cada 3 crianças menores de 2 anos mostra sinais de desnutrição aguda
- Os poucos caminhões de ajuda que entram carregam menos de 20% do necessário
E aqui vai o paradoxo cruel: enquanto o mundo discute cessar-fogos em salas climatizadas, em Gaza falta até água potável. "As pessoas bebem de poços contaminados porque não há alternativa", relata uma enfermeira norueguesa que atua no local.
A resposta (ou falta dela)
A ONU — normalmente cautelosa em seus termos — não economizou nas palavras: "um show de horrores que desafia a civilização". Mas palavras, convenhamos, não enchem barrigas.
O que mais choca os voluntários no terreno? "A velocidade do colapso", responde um veterano de Médicos Sem Fronteiras. "Em semanas, passamos de uma crise para uma catástrofe humanitária sem precedentes."
Enquanto isso, nos corredores diplomáticos, a discussão parece girar em círculos. Propostas são feitas, vetadas, refeitas... E Gaza? Gaza espera. E passa fome.
