
Eis que Pernambuco escreve um novo capítulo em sua história — e que capítulo! Aos 27 anos, Laysla Roberta não é apenas mais um nome na corporação. Ela é, oficialmente desde esta segunda-feira (2), a primeira mulher trans a integrar as fileiras da Polícia Militar do estado. Um daqules momentos que a gente olha pra trás um dia e diz: "eu vi acontecer".
Não foi um caminho de rosas, longe disso. Imagina só a coragem necessária? Ela já servia à PM, mas foi só após a retificação do nome social — aquele trâmite burocrático que, no fundo, é sobre identidade, sobre existir — que a posse definitiva veio. O batalhão onde vai servir? O famoso 11º BPM, em Jaboatão dos Guararapes. Sim, a região metropolitana do Recife ganha uma nova protetora.
Não é só sobre uma formatura. É sobre simbologia
A solenidade de promoção — que elevou Laysla ao posto de cabo — aconteceu no quartel do Derby, no Recife. Ambiente sério, tradicional, mas que desta vez respirava algo diferente: futuro. Três outros praças também subiram de rank, mas era difícil não sentir que aquele era um dia especial, ímpar.
"Representatividade importa? Importa, e muito. Ver alguém como você em espaços de poder — ou de proteção, no caso — muda tudo. Quebra preconceitos na marra, sem pedir licença", reflete uma professora que preferiu não se identificar, mas que não disfarçava o sorriso.
O que diz a instituição?
A PMPE emitiu uma nota, formal como de costume, mas com um tom que parecia ir além do protocolo. Disse "reafirmar o compromisso com a valorização da diversidade" e "garantir um ambiente de respeito e igualdade". Palavras bonitas, sem dúvida. Mas o verdadeiro teste será no dia a dia, nas ruas, no cotidiano da farda.
A expectativa? Que o caso da cabo Laysla não seja exceção, mas a primeira de muitas. Que abra portas — não só no estado, mas pelo Brasil afora. Afinal, se é pra ter uma polícia do povo, que ela seja de todo o povo, sem exceções. Pernambuco deu o passo. Quem vem a seguir?