Enquanto a maioria das pessoas ainda associa a profissão de eletricista a figuras masculinas, um grupo determinado de mulheres está reescrevendo essa história no interior paulista. No Dia do Eletricista, celebrado em 17 de outubro, essas profissionais mostram que competência não tem gênero e que a diversidade traz novos ares para o setor elétrico.
Desafiando Estereótipos Desde Cedo
A trajetória de Jéssica Cristina Alves Pereira, de 26 anos, é um exemplo inspirador. Natural de Presidente Prudente, ela descobriu sua vocação ainda na adolescência, aos 17 anos, quando ingressou no curso técnico de Eletrotécnica. "No começo foi um choque. Eu era a única mulher na turma e muitos duvidavam da minha capacidade", relembra a jovem, que hoje atua como eletricista de rede de distribuição.
O caminho não foi fácil. Jéssica precisou superar não apenas o ceticismo alheio, mas também barreiras físicas e psicológicas. "Trabalhar na rede aérea exige força física, mas descobri que a técnica é mais importante que a força bruta. Desenvolvi minha própria maneira de executar as tarefas", explica.
Liderança Feminina na Área Técnica
Outra história que inspira é a de Ana Paula de Souza, de 39 anos. Com 17 anos de experiência, ela coordena uma equipe de 30 pessoas na Electra, empresa onde trabalha. "Quando entrei, não havia mulheres na área operacional. Hoje, vejo uma mudança significativa, mas ainda temos muito para avançar", reflete.
Ana Paula destaca que a presença feminina traz novas perspectivas para o trabalho: "As mulheres costumam ser mais detalhistas e cuidadosas, o que é fundamental quando se trabalha com energia elétrica, onde um pequeno erro pode ter consequências graves".
Os Desafios que Ainda Persistem
Apesar dos avanços, as profissionais ainda enfrentam obstáculos no dia a dia:
- Desconfiança dos clientes: Muitos ainda estranham quando uma mulher chega para fazer serviços elétricos
- Falta de equipamentos adequados: A maioria dos equipamentos de proteção é desenvolvida para o corpo masculino
- Assédio velado: Comentários e brincadeiras que minimizam sua capacidade técnica
- Dupla jornada: A necessidade de conciliar trabalho físico pesado com afazeres domésticos
Um Futuro Mais Iluminado
As pioneiras acreditam que o cenário está mudando gradualmente. "Cada vez mais mulheres estão se interessando pela área. Recebo muitas mensagens de jovens perguntando sobre a profissão", comemora Jéssica.
Para Ana Paula, a visibilidade é crucial: "Precisamos mostrar que existem mulheres fazendo esse trabalho e fazendo bem feito. Isso inspira outras a seguirem o mesmo caminho".
Neste Dia do Eletricista, essas profissionais não apenas comemoram sua data, mas acendem uma luz de esperança para um futuro mais diverso e inclusivo no setor elétrico brasileiro. Elas provam, a cada fio conectado e a cada rede energizada, que lugar de mulher é onde ela quiser estar - inclusive no topo dos postes, iluminando cidades e quebrando preconceitos.
