O cenário do entretenimento global foi abalado por um anúncio histórico: a Netflix fechou um acordo para adquirir a Warner Bros. Discovery pelo valor colossal de US$ 72 bilhões. A notícia, divulgada na sexta-feira, 5 de dezembro de 2025, desencadeou uma onda imediata de reações, preocupações e uma batalha regulatória que promete ser longa e complexa.
Reações Imediatas e Críticas Ferozes
O negócio, que já era alvo de rumores e críticas preliminares, foi recebido com forte oposição de diversos setores. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou no domingo, 7 de dezembro, que vai participar da decisão sobre a aquisição, classificando o acordo como uma "grande fatia do mercado" e sugerindo que "isso pode ser um problema".
A resistência vem de todos os lados. Cineastas proeminentes manifestaram temor pelo futuro dos cinemas. James Cameron, criador de "Avatar" e "Titanic", chamou a aquisição de um "desastre" em entrevista ao podcast The Town, criticando a visão do co-CEO da Netflix, Ted Sarandos, sobre a exibição teatral. O diretor brasileiro Kleber Mendonça Filho defendeu a experiência do cinema nas redes sociais, argumentando que o streaming "não pode ter o poder de acabar com a cultura da sala de cinema".
Os sindicatos de Hollywood se uniram na oposição. O Sindicato dos Roteiristas da América (WGA) declarou que a fusão "deve ser bloqueada", alegando que eliminará empregos e reduzirá salários. A DGA (Diretores) e a PGA (Produtores) também expressaram "preocupações significativas" com o impacto na competitividade da indústria e no destino de um dos estúdios mais históricos.
Batalha Regulatória e Preocupações Antitruste
A operação está sujeita a um processo regulatório longo e conturbado. Autoridades dos dois partidos americanos já alertaram para possíveis efeitos anticompetitivos. Um alto funcionário do governo Trump disse à CNBC que a administração vê o acordo com "forte ceticismo".
No Senado, o republicano Mike Lee, presidente da subcomissão de Antitruste, afirmou que o negócio "levantaria sérias questões sobre competição", talvez as mais graves em uma década. Já a senadora democrata Elizabeth Warren chamou a aquisição de um "pesadelo antimonopólio", prevendo preços mais altos e menos opções para os consumidores.
Na Europa, reguladores da União Europeia consideram improvável o bloqueio total, mas esperam investigações demoradas que podem resultar em condições, como a obrigação de a Netflix honrar contratos de licenciamento existentes.
Divisão entre Especialistas e Posição da Concorrência
Os analistas do mercado estão divididos. Alguns, como François Godard da Enders Analysis, veem riscos de destruição de valor, semelhante ao que ocorreu na fusão anterior entre Warner e Discovery, e questionam o futuro da HBO sob a Netflix. Outros, como Guy Bisson da Ampere Analysis, consideram a transação uma grande notícia que eleva a Netflix a um novo patamar, fornecendo um catálogo de propriedades intelectuais inigualável.
A concorrência reagiu com veemência. A Paramount, que era considerada favorita na disputa pela Warner, criticou fortemente o acordo. Advogados do estúdio alertaram que a aquisição "consolidará e estenderá o domínio global da Netflix" de forma ilegal sob as leis de concorrência, calculando que a nova empresa teria 43% do mercado global de streaming de assinantes.
O acordo de US$ 72 bilhões entre a Netflix e a Warner Bros. Discovery marca um ponto de virada na indústria do entretenimento, mas seu caminho até a conclusão está repleto de obstáculos políticos, regulatórios e culturais. O desfecho definirá não apenas o futuro de duas gigantes, mas a própria estrutura de como o conteúdo audiovisual será produzido, distribuído e consumido no mundo.