
Não é de hoje que o setor industrial brasileiro olha para os Estados Unidos com um misto de admiração e pragmatismo. Afinal, quem não quer um pedaço desse bolo chamado mercado americano? Em um debate recente em Belo Horizonte, o presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG) foi direto ao ponto: "Precisamos urgentemente realinhar nossa relação com os EUA".
E não é para menos. Enquanto a China continua sendo nosso maior parceiro comercial (alguém aí lembra dos caminhões de soja cruzando o Pacífico?), os industriais mineiros acreditam que estamos deixando passar oportunidades valiosas do outro lado do Atlântico Norte. "Temos complementaridades estratégicas que vão muito além do comércio tradicional", destacou o líder empresarial, entre um gole de café e anotações frenéticas no bloco de papel.
O que está em jogo?
Pense em tecnologia de ponta, parcerias em energias renováveis e, claro, acesso privilegiado ao consumidor americano - aquele que não economiza quando o assunto é qualidade. Mas calma lá, não é só chegar batendo na porta do Tio Sam com um "oi, sumido!". O caminho, segundo os especialistas presentes no evento, passa por:
- Diálogo constante com o setor privado americano
- Alinhamento regulatório (essa burocracia que tanto nos enlouquece)
- Investimentos em infraestrutura logística
- Foco em produtos com maior valor agregado
Um participante do debate, dono de uma metalúrgica no interior de Minas, resumiu bem o sentimento: "Ou a gente se moderniza de vez, ou vamos continuar exportando commodities e importando tecnologia cara". Duro, mas verdadeiro.
E os números?
Embora o comércio bilateral tenha crescido nos últimos anos (algo em torno de 15% desde 2020), a participação brasileira no mercado americano ainda é modesta - menos de 2% do total. Dois por cento! Quando você para para pensar, é quase um insulto ao potencial da nossa indústria.
Mas há luz no fim do túnel. Setores como o de máquinas agrícolas, autopeças e até mesmo moda estão ganhando espaço. E olha que curioso: enquanto o mundo discute desglobalização, nossos industriais apostam justamente no contrário - numa globalização mais inteligente e diversificada.
No final do dia, o recado ficou claro: os EUA continuam sendo um parceiro fundamental, mas precisamos jogar esse jogo com mais estratégia e menos improviso. Como diria meu avô, "não adianta querer pescar tubarão com vara de bambu".