Os Estados Unidos deram um passo que pode deixar o mercado de hortifrúti de cabeça para baixo. A partir de agora, os tomates vindos do México — que abastecem boa parte das mesas americanas — vão ficar mais caros por causa de um aumento nas tarifas de importação. E olha que não é pouco: estamos falando de um salto que pode chegar a 30% em alguns casos.
Quem vai sentir no bolso? O consumidor final, é claro. Mas os efeitos em cascata dessa medida podem ser ainda mais amplos. "É uma faca de dois gumes", comenta um especialista em comércio exterior que preferiu não se identificar. "De um lado, protege os produtores locais; de outro, pode encarecer uma série de produtos derivados."
O que está por trás da decisão?
Washington alega que os produtores mexicanos estariam "dumping" no mercado — vendendo abaixo do custo para eliminar concorrência. Mas será mesmo? Alguns analistas torcem o nariz:
- Os preços no México são naturalmente mais baixos por questões climáticas e de mão de obra
- A medida chega em um momento político delicado entre os dois países
- Pode ser retaliação por outras disputas comerciais não relacionadas
E tem mais: essa não é a primeira vez que os EUA mexem nesse vespeiro. Desde os anos 1990, o tomate mexicano já foi alvo de medidas protecionistas pelo menos cinco vezes. Só que agora, com a inflação corroendo o poder de compra, o timing parece particularmente ruim.
E o Brasil nessa história?
Embora não sejamos diretamente afetados, o caso serve de termômetro para o comércio global. "Quando um elefante espirra...", diz o ditado. E no agronegócio, todos pegam resfriado.
Produtores brasileiros de frutas e legumes estão de olho — alguns até esfregando as mãos, imaginando oportunidades. Mas especialistas alertam: "Não caiam nessa euforia. O protecionismo é uma via de mão dupla perigosa."
Enquanto isso, nas prateleiras dos supermercados americanos, os consumidores já começam a sentir o baque. Um pacote de tomates que custava US$ 2,50 pode chegar a US$ 3,25 em algumas regiões. E aí? Vão trocar por tomates locais mais caros ou simplesmente comer menos salada?
