
Imagine a cena: um carro em movimento, o burburinho do trânsito paulistano e, de repente, o estampido seco que não deixa dúvidas. Não foi rojão, não foi batida de porta. Era o som da morte passando raspando.
Dentro do veículo, uma criança — cuja identidade protegemos com unhas e dentes — segurava um celular. O aparelho, que provavelmente registrava bobagens infantis, de repente se transformou na testemunha ocular mais crucial de uma tentativa de assassinato que tem tudo para virar caso nacional.
A vítima? Ruy Ferraz, ex-delegado da Polícia Civil, homem que conhece como poucos os meandros do crime e da lei. Ironia cruel: justo ele, que dedicou a vida ao combate à criminalidade, agora vira alvo na linha de fogo.
Os Minutos que Pareceram uma Eternidade
O ataque foi rápido, brutal e eficiente — mas não o suficiente para ceifar a vida do ex-delegado. Os tiros vieram de todos os lados, ou pelo menos é o que parece na gravação tremida. Rajadas de fuzil, segundo peritos que já viram o material. Arma de guerra, coisa de milícia, tráfico organizado ou contrato profissional.
O que mais choca não é apenas a violência, mas a frieza. Os atiradores não estavam ali para assustar. Estavam para matar. E quase conseguiram.
Ferraz levou múltiplos tiros. Um homem menos resistente teria morrido na hora. Ele, por sorte — ou azar, dependendo do ponto de vista —, sobreviveu. Agora está sob proteção, claro, mas também sob interrogatório. Afinal, que ex-delegado atrai ódio suficiente para justificar um ataque tão ousado?
O Inimigo Invisível
A grande pergunta que paira no ar, mais densa que a fumaça de pólvora: quem mandou matar Ruy Ferraz? Desavenças antigas da época em que estava fardado? Inimigos recentes? Algo que ele viu, ouviu ou sabe?
Especulações à parte, uma coisa é certa: o modus operandi lembra muito operações de grupos especializados. Profissionais. Gente que não erra — mas que, desta vez, errou feio.
A polícia corre contra o tempo. A gravação feita pela criança é a principal pista, mas também um alerta sinistro sobre como a violência urbana invade até os momentos mais inocentes. Uma brincadeira infantil transformada em evidência criminal.
Enquanto isso, São Paulo se pergunta: se um ex-delegado não está seguro, quem está?