
O que começou como mais uma manhã ensolarada típica de Copacabana rapidamente se transformou em um cenário de caos absoluto. Por volta das 11h desta quarta-feira, os sons característicos do calçadão – o vendedor de geladinha, o som do mar batendo – foram subitamente substituídos por estampidos secos e consecutivos. Muitos, acreditem, confundiram inicialmente com fogos de artifício. Ingenuidade que durou poucos segundos.
O que se seguiu foi, sem exagero algum, uma cena de filme de ação – daqueles que a gente assiste confortavelmente no sofá, mas que é totalmente aterradora quando acontece ao vivo. Pessoas correndo em todas as direções, buscando abrigo onde podiam: atrás de quiosques, debaixo de mesas, dentro do mar. Uma senhora, dona Mariazinha, 78 anos, que estava sentada num banco alimentando pombos, me contou depois, ainda tremendo: "Pensei que fosse meu fim. Só me joguei no chão e rezei".
Segundo relatos de testemunhas – e aqui a história ganha contornos mais nebulosos –, tudo começou com uma perseguição. Dois carros, um preto e um prata, teriam avançado sinal vermelho na Avenida Atlântica, na altura do Posto 5, e abriram fogo um contra o outro. Sim, um confronto direto, em plena luz do dia, com a praia lotada. A coragem (ou seria total falta de noção?) dos envolvidos é de deixar qualquer um boquiaberto.
A reação da polícia, diga-se de passagem, foi relativamente rápida. Em menos de dez minutos – que provavelmente pareceram uma eternidade para quem estava lá –, as viaturas já estavam no local. Os PMs isolaram a área, mas os suspeitos, é claro, já haviam fugido. Sumiram no emaranhado de ruas da Zona Sul, deixando para trás o rastro de pânico e… muitas, muitas perguntas.
E as Vítimas?
O milagre, se é que podemos chamar assim, é que ninguém foi baleado. Repito: ninguém. Feridos leves, sim, todos por conta da correria desenfreada. Arranhões, joelhos ralados, um senhor que torceu o tornozelo ao tentar pular uma mureta. Um susto colossal, que poderia ter terminado em tragédia de proporções inimagináveis. A sorte, desta vez, estava do lado dos inocentes.
O clima, horas depois, ainda era de tensão. Os quiosques reabriram, mas o movimento, normalmente intenso, estava visivelmente mais fraco. Um medo residual pairava no ar, misturado com o cheio de protetor solar e água salgada. Turistas olhavam para os lados antes de sentar, apreensivos. É o preço que se paga por viver – ou apenas visitar – uma cidade onde esse tipo de episódio, infelizmente, não é mais tão surpreendente assim.
O que mais me impressiona, francamente, não é nem o fato em si, mas a quase banalização com que somos obrigados a encarar essas situações. A vida segue, sim, mas com um gosto amargo de insegurança. Até quando?