
Era uma terça-feira comum no Colégio de Referência em Ensino Fundamental (CREF) Capitão Emílio Novaes, em Igarassu, Pernambuco. Até que o comum se transformou em pesadelo. Uma criança de 11 anos—vamos chamá-la de Maria, porque nomes reais doem demais—foi brutalmente agredida por colegas durante o recreio. O que começou como mais uma briga de playground terminou em tragédia: Maria não resistiu aos ferimentos.
Detalhes? São de cortar o coração. Testemunhas contam que a agressão foi repentina, violenta—e absolutamente evitável. A menina recebeu golpes na cabeça, desmaiou no local e foi levada às pressas para o Hospital da Restauração, no Recife. Mas já era tarde. Seu corpo pequeno não aguentou.
Não é caso isolado—é sintoma de algo podre
O que me deixa indignado—e deveria deixar você também—é que isso não é "apenas" mais um caso de bullying. É o retrato de uma epidemia silenciosa que consome nossas escolas. Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostram que, só em 2023, houve mais de 33 mil ocorrências violentas em instituições de ensino pelo país.
Três mil e trezentas só em Pernambuco! Três mil e trezentas vezes em que alguém chorou, se machucou, ou teve medo de ir à escola.
E as respostas? Bem, as respostas...
A secretaria estadual de Educação diz que "repudia veementemente" o ocorrido. Palavras bonitas, mas vazias. Porque a verdade é que nossas escolas estão despreparadas—e pior, desprotegidas. Professores sobrecarregados, vigilância inadequada, mediação de conflitos quase inexistente.
Um diretor de escola me confessou recentemente: "Temos medo de nossos alunos". Imagine só—educadores com medo de educar.
O que falta, então?
Dinheiro? Parte sim. Mas não só. Falta prioridade. Falta vontade política. Falta—e isso dói admitir—compromisso real com nossas crianças.
- Investimento em psicólogos escolares
- Formação continuada para professores lidarem com conflitos
- Programas de justiça restaurativa em vez de punição cega
- Envolvimento real da comunidade
Enquanto isso, nas redes sociais, pais compartilham hashtags e pedem justiça. Justiça—essa palavra que soa tão distante quando uma criança de 11 anos morre por causa de uma briga no recreio.
Maria não deveria ser mais uma estatística. Sua morte precisa significar algo. Precise doer na consciência coletiva. Porque se não doer, amanhã pode ser seu filho. Ou o meu.
E aí? Vamos continuar apenas repudiando veementemente?