
Era mais um dia quente no Acre, mas o calor que fervia mesmo era o da insatisfação. De novo. Os agentes penitenciários, aqueles que trabalham nas sombras do sistema, voltaram às ruas nesta segunda-feira (16) num protesto que misturava cansaço com uma pitada de desespero.
Não é de hoje que a categoria clama por ouvidos mais atentos. Eles pedem, basicamente, o óbvio: mais gente pra dividir o peso, equipamentos que não parecem ter saído de um filme dos anos 80 e um plano de carreira que faça algum sentido. Querem, no fundo, dignidade.
Um sistema à beira do colapso
A situação é tensa, pra não dizer perigosa. Imagina trabalhar com uma lotação que beira o insuportável? Pois é. A sobrecarga não é apenas numérica; é física, mental e emocional. Muitos agentes relatam trabalhar em condições que desafiam a lógica – e a segurança.
E não para por aí. A falta de investimento em tecnologia e infraestrutura deixa o trabalho ainda mais arriscado. Equipamentos de proteção defasados, sistemas de comunicação precários e instalações que mal suportam a demanda atual. É como dirigir um carro sem freios numa estrada cheia de curvas.
O grito por reconhecimento
Não se engane: a revolta não é só por salário. Claro que a remuneração conta – e muito –, mas a pauta é mais ampla. Eles buscam valorização profissional, respeito institucional e condições mínimas para exercer um ofício tão complexo quanto essencial.
Afinal, quem cuida de quem cuida da segurança? A pergunta ecoa entre os manifestantes, que carregam cartazes, faixas e uma certa mágoa de quem se sente ignorado há tempos.
E agora?
O movimento segue firme, e a categoria promete não recuar até que suas demandas sejam, pelo menos, ouvidas. Enquanto isso, a população observa – alguns com apoio, outros com receio. Uma coisa é certa: sem agentes valorizados, todo o sistema penitenciário fica à beira de um abismo.
Restam dúvidas se o governo estadual conseguirá responder a contento ou se novos protestos – ainda maiores – devem acontecer. Uma resposta rápida parece improvável, mas a pressão só aumenta.