
Imagine estar no momento mais íntimo possível com alguém e, de repente, descobrir que foi vítima de uma quebra deliberada de confiança. Não foi um descuido, não foi um mal-entendido. Foi uma escolha calculada.
A delegada Paula Harue Tanaka, da Delegada de Defesa da Mulher de Bauru, deixa claro: stealthing é crime. Ponto final. A prática de remover sorrateiramente o preservativo durante o ato sexual sem o conhecimento ou consentimento da parceira ou parceiro configura, na visão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), esturo. Sim, você leu direito.
Não Chame de Acidente
O que mais revolta a autoridade policial – e deveria revoltar a todos nós – é a tentativa comum de os autores mascararem a ação como um "deslize". "Ah, escorregou". "Não foi por querer". Paula é taxativa: "Não existe 'o preservativo saiu sozinho'. Não existe. É uma ação". A fala dela corta como uma lâmina, direta e sem rodeios.
É sobre poder. É sobre controle. E, no fim das contas, é sobre desumanizar o outro, tratando seu corpo como um território a ser conquistado à força, independentemente dos combinados prévios.
As Consequências Vão Muito Além da Traição
O impacto? Catastrófico. A gente pode até pensar primeiro na questão das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), que é gravíssima – uma pessoa ser exposta a riscos de saúde contra a sua vontade é monstruoso. Mas o estrago psicológico é profundo.
- Trauma e vulnerabilidade
- Sensação de violação e desamparo
- Medo de futuras relações íntimas
- Ansiedade e transtornos de estresse pós-traumático
Não é exagero. É o relato cru de quem passou por isso. A vítima é colocada numa posição terrível, tendo que lidar com as consequências físicas e emocionais de um ato que nunca autorizou.
O que Fazer se Você For Vítima?
A delegada Tanaka foi enfática sobre os passos cruciais. Anota aí:
- Busque atendimento médico imediatamente. Além dos cuidados de saúde, o laudo médico é prova essencial.
- Registre um Boletim de Ocorrência (B.O.). Não hesite. Procure uma Delegacia de Defesa da Mulher ou uma delegacia comum.
- Preserve todas as evidências possíveis, incluindo mensagens de texto ou qualquer conversa que relate o acontecido.
O silêncio só protege o agressor. Falar sobre isso, por mais difícil que seja, é o primeiro passo para quebrar um ciclo de violência que muitas se sentem constrangidas em denunciar.
O recado da autoridade não poderia ser mais claro: society precisa parar de normalizar o inormalizável. Consentimento não é negociável. E violá-lo, de qualquer forma, é crime. Que fique registrado.