
Numa revelação que promete abalar os bastidores do poder, um coronel das Forças Armadas jogou gasolina no debate sobre o papel dos militares na política. Segundo ele, o que chamou de "silêncio ensurdecedor" do Exército teria dado corda para a ideia — completamente equivocada, diga-se — de que haveria apoio institucional aos acampamentos golpistas que pipocaram frente a quartéis pelo país.
"Quando você não diz 'não' com clareza, alguns entendem como um 'talvez'", disparou o oficial, que preferiu não ter seu nome estampado — coisa rara num meio onde hierarquia e formalidade costumam mandar. E olha que ele não está sozinho nessa percepção.
O jogo de omissões que virou combustível
Nos corredores da Esplanada, o assunto rende. Alguns analistas comparam a situação àquela velha história do cachorro que late mas não morde — só que, nesse caso, o bicho nem latiu direito. O resultado? Grupos radicais interpretaram a falta de posicionamento firme como sinal verde para suas teses mirabolantes.
E não foi pouco tempo não. Foram meses de acampamentos, bandeiras, discursos inflamados. Enquanto isso, o Exército mantinha aquela postura que, vamos combinar, deixava margem para interpretações das mais criativas. "Quem cala consente", diz o ditado — e parece que alguns levaram isso ao pé da letra.
As consequências do "deixar rolar"
O coronel — um cara que já viu muita água rolar debaixo da ponte — foi categórico: "Institucionalmente, foi um tiro no pé". Segundo ele, a omissão criou um problema duplo:
- De um lado, alimentou fantasias golpistas em setores radicalizados
- De outro, desgastou a imagem de neutralidade das Forças Armadas
Não é como se não tivessem avisado. Internamente, vários oficiais já tinham batido na tecla de que era preciso "cortar o mal pela raiz". Mas aí... bem, aí veio aquela velha história de "não dar ibope" para movimento marginal. Só que, nesse caso, o marginal cresceu e virou manchete.
E agora? Agora o estrago está feito. Desfazer percepções é trabalho para anos — e olhe lá. O coronel, entre um gole de café e outro, soltou: "A gente colhe o que planta. E dessa vez, plantamos confusão".