
Um novo capítulo do inquérito que investiga supostos preparativos para um golpe de Estado durante o governo Bolsonaro veio à tona nesta quarta-feira. Em depoimento à Polícia Federal, o ex-advogado-geral da União (AGU), André Mendonça, revelou que o então presidente Jair Bolsonaro questionou, em reunião com comandantes militares, se as eleições poderiam ser anuladas.
Segundo Mendonça, a reunião ocorreu no Palácio da Alvorada em julho de 2022, meses antes do segundo turno das eleições presidenciais. Na ocasião, Bolsonaro teria feito perguntas diretas sobre a possibilidade jurídica de contestar os resultados eleitorais com apoio das Forças Armadas.
Os detalhes do depoimento
O ex-AGU afirmou aos investigadores:
- Bolsonaro demonstrou preocupação com possíveis fraudes eleitorais
- Questionou se haveria base legal para intervenção militar
- Solicitou análise jurídica sobre cenários de contestação
Contexto político
O depoimento reforça as suspeitas de que o ex-presidente estaria articulando um plano B caso perdesse as eleições para Luiz Inácio Lula da Silva. Investigadores apontam que essas reuniões fariam parte de uma estratégia maior para manter Bolsonaro no poder.
A Polícia Federal já identificou pelo menos 11 encontros entre Bolsonaro e militares no período eleitoral que estão sob análise. As declarações de Mendonça corroboram versões anteriores de outros auxiliares do ex-presidente.
Próximos passos
O Ministério Público Federal deve incluir o novo depoimento no inquérito que investiga a suposta tentativa de golpe. As informações serão cruzadas com outros testemunhos e documentos apreendidos nas buscas realizadas em endereços ligados a Bolsonaro e seus aliados.