
Era uma manhã como qualquer outra no Sul de Minas — até que os agentes federais bateram à porta. A Operação Tarrafa 2, deflagrada nesta quarta (31), expôs um esquema que, segundo investigações, desviava recursos do seguro-defeso como se fosse pesca em aquário: fácil e sem resistência.
Detalhes que impressionam: documentos falsificados, laranjas recebendo benefícios e até mesmo um suposto esquema de lavagem de dinheiro que faria um caixa eletrônico pirar. "Não era amadorismo", comentou um delegado sob condição de anonimato. "Tinha estrutura, método e — pasmem — até assessoria contábil especializada."
O alvo
O seguro-defeso, pra quem não sabe, é aquele auxílio pra pescador artesanal durante o período de reprodução dos peixes. Só que aqui, parece que alguns "pescadores" nunca nem viram um anzol de perto. A PF estima desvios na casa dos R$ 5 milhões — dinheiro que, em tese, deveria sustentar famílias ribeirinhas.
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E olha que curioso: parte dos investigados já tinham histórico com a justiça por crimes similares. "É como se tivessem achado um atalho e insistido no mesmo caminho", brincou um agente, enquanto embalava provas em sacos plásticos.
O modus operandi
Pra burlar o sistema, os suspeitos usavam de tudo — desde CPFs falsos até declarações mentirosas de atividade pesqueira. Tem até caso de sujeito que recebia o benefício em três estados diferentes simultaneamente. "Isso não é esperteza, é afronta", disparou o superintendente regional da PF.
O que mais revolta? Enquanto isso, pescadores legítimos enfrentam filas quilométricas e burocracia que não acaba mais. "A gente se mata de trabalhar pra receber migalhas, e esses caras ficam milionários na moleza", desabafou um ribeirinho que preferiu não se identificar.
Agora é torcer pra que, dessa vez, a tarrafa — aquela rede de pesca que inspirou o nome da operação — apanhe mesmo os peixes graúdos. Porque no mar da corrupção, como todo mundo sabe, os tubarões costumam escapar.