Ex-Delegado-Geral de SP, Pioneiro no Combate ao PCC, é Executado a Tiros em Emboscada
Ex-delegado-geral é executado a tiros em SP

O silêncio da noite de quarta-feira em Carapicuíba, na Grande São Paulo, foi estilhaçado pelo estampido seco de mais de quinze disparos. E não foi um alvo qualquer. As balas ceifaram a vida de Antonio Carlos de Oliveira Melo, 62 anos, um nome que ecoa com peso nos corredores da polícia paulista. Um homem que, lá atrás, nos anos 90, cheirou o pó de giz dos primeiros esboços do que viria a ser a facção criminosa mais temida do país.

Sim, ele estava lá quase no início. Enquanto muitos ainda nem desconfiavam da ameaça, Melo—ou 'Toninho' para os mais próximos—já mergulhava de cabeça nas primeiras investigações sérias contra o PCC. Um trabalho de formiguinha, paciente e arriscadíssimo, que lhe rendeu respeito—e, inevitavelmente, uma lista de inimigos que ninguém gostaria de ter.

Uma Carreira Marcada pela Coragem e pelo Perigo

O homem não era um qualquer de farda. Ascendeu a degrau a degrau até chegar ao topo, ocupando o cargo de delegado-geral da Polícia Civil entre 2001 e 2003. Um cargo que é mais do que uma posição; é um alvo nas costas. Mesmo após se aposentar, em 2017, a sombra do passado nunca o abandonou de verdade. Quem lida com o crime organizado sabe: a aposentadoria é só um papel.

O modus operandi do crime foi brutal, típico de uma execução—pra não deixar margem para dúvidas. O carro em que estava, um Honda HR-V, foi cercado por criminosos em dois outros veículos. Eles bloquearam a passagem e simplesmente despejaram chumbo. Uma cena de horror que virou rotina em alguns cantos do estado, mas que nunca deveria ser.

O Que Fica Para Além dos Tiros

A pergunta que não quer calar: foi uma retaliação? Uma vingança por investigações antigas? A polícia, é claro, corre atrás de pistas—mas o histórico da vítima grita. Ele não era um alvo casual. Era um símbolo. Sua morte manda uma mensagem sinistra para todos os agentes que ousam enfrentar o poder paralelo.

E o pior? Isso acontece justamente quando o estado vive uma onda de ataques supostamente ligados à facção. Coincidência? Difícil acreditar. A sensação é de que as estruturas criminosas estão se sentindo cada vez mais confortáveis—e impunes.

O caso agora está nas mãos do DENARC, o departamento de narcóticos, que tem a missão ingrata de desvendar o quebra-cabeça. Eles sabem que não vão caçar apenas os autores dos tiros, mas tentar descobrir quem mandou fazer—e por quê.

Enquanto isso, o clima entre os policiais é de luto e, vamos falar a verdade, de uma certa apreensão. Se um ex-delegado-geral pode cair assim, na porta de casa, o que dizer dos agentes comuns? A perda é pessoal, profissional e simbólica. E o recado, infelizmente, foi dado.