
O que era pra ser mais um dia comum virou um pesadelo sem fim. Em Juiz de Fora, um daqueles acidentes que a gente lê e torce pra nunca acontecer com a gente — micro-ônibus capotando, dois mortos, vários feridos. Mas pra quem sobreviveu, a história não acabou ali não.
"É como se eu tivesse morrido junto", desabafa um dos sobreviventes, que pediu pra não ser identificado. O tom de voz dele? Misto de raiva e cansaço. Desde aquele dia, dormir virou luxo, andar sem dor então, nem se fala. Os médicos falam em "sequelas", mas pra ele é só o nome bonito pra uma vida que desmoronou.
Os números não contam a história toda
Dois mortos, sete feridos — frio assim, nas estatísticas. Mas ninguém fala dos que ficaram presos nos escombros por horas, do barulho do metal retorcido, do cheiro de gasolina e sangue que não sai do nariz. "Até hoje, quando passo perto de um ônibus, meu corpo inteiro treme", conta a vítima.
Os traumas psicológicos? Bem piores que os físicos, e olha que as fraturas foram graves. Terapia três vezes por semana, remédios que deixam a cabeça "embaçada", pesadelos que te acordam gritando... Quem nunca passou por isso acha que é exagero. Até o dia em que acontece com você.
O depois que ninguém vê
Antes do acidente, nosso entrevistado era cheio de planos: faculdade quase terminada, noivado marcado, emprego estável. Hoje? "Qualidade de vida? Zero. Parece que eu virei outra pessoa." O noivado não resistiu, o emprego idem. A faculdade? Tá lá, esperando ele se recompor — se é que um dia vai.
- Dores crônicas que nenhum remédio alivia direito
- Medo de pegar qualquer veículo, até táxi
- Contas médicas que não param de chegar
- Família que não entende por que você "não supera"
E a justiça? Lenta como sempre. Enquanto isso, as vítimas viram estatísticas esquecidas — exceto pelos aniversários de mortos que a mídia lembra todo ano.
"As pessoas falam 'graças a Deus você sobreviveu'. Mas às vezes eu me pergunto..." A frase fica no ar, incompleta. Quem nunca passou por isso não tem como entender. Mas talvez, lendo essa história, alguém pense duas vezes antes de julgar quem "não superou".