
Parece que as ruas de Manaus decidiram entrar em guerra contra os motoristas este ano. E olha, estão ganhando feio. Os números chegaram e são daqueles que fazem a gente segurar a respiração: um salto nada modesto de 17% nos acidentes de trânsito só em 2025. Agosto, então, nem se fala — foi simplesmente o campeão absoluto de registros, o mês que não quis saber de paz no asfalto.
É como se uma febre coletiva de imprudência tivesse tomado conta da cidade. Cruzamentos viraram campos de batalha, avenidas se transformaram em pistas de obstáculos improvisadas. E no centro disso tudo, é claro, estamos nós — os condutores, os pedestres, os ciclistas — tentando sobreviver a esse caos diário que só faz piorar.
Os Números que Ninguém Queria Ver
Quando os dados batem na porta, a gente até torce para estarem errados. Dessa vez, vieram com força total. Sete mil e setecentos acidentes registrados até agosto! Sete mil e setecentos! Dá até vontade de repetir em voz alta para a realidade do absurdo fazer sentido. E agosto, coitado, carrega sozinho a medalha de pesadelo sobre rodas — mais de mil ocorrências em apenas trinta e um dias.
Pensa no ritmo: praticamente trinta e quatro acidentes por dia, mais de um por hora. A cidade não para, mas também não para de colidir. É um paradoxo perigoso que ninguém parece saber como resolver.
E Agora, José?
Os especialistas — esses seres que vivem de analisar nossos erros — já começaram a apontar dedos. E os motivos são tão variados quanto previsíveis: excesso de confiança (ou seria incompetência?) ao volante, a velha e boa distração com o celular, aquela pressinha para ganhar alguns segundos no semáforo…
Mas será que é só isso? Às vezes me pego pensando se não tem algo mais, algo na atmosfera da cidade que deixou todo mundo mais acelerado, mais impaciente, mais… arriscado. Algo que os números não mostram mas que qualquer um que dirige aqui sente na pele.
As autoridades prometem ações, é claro. Sempre prometem. Campanhas educativas, mais fiscalização, talvez até um milagre. Enquanto isso, seguimos nosso ritual diário de escapar por pouco de fechadas, desviar de buracos que mais parecem crateras e rezar para chegar inteiros em casa.
Restauração da sinalização? Melhorias na engenharia de tráfego? Tudo soa bem no papel, mas lá fora, no calor do asfalto manauara, a realidade é outra — bem mais dura e implacável.
Uma coisa é certa: Manaus precisa respirar fundo e repensar urgentemente seu relacionamento com o trânsito. Porque do jeito que vai, os números de setembro prometem — para nosso desespero.